Camuflados ironizam pedido de intervenção
A tarde fria, com máxima de 17°C e garoa, não desanimou quem estava ontem na Parada LGBT. Homens vestindo apenas sungas, botas e óculos de sol, e mulheres de sutiã ou com adesivos cobrindo os mamilos deram o tom da festa. O destaque deste ano foram as roupas camufladas, tanto deles quanto delas, alguns com placas como “intervenha aqui”, em uma ironia aos pedidos de intervenção militar feitos por radicais de direita cuja agenda inclui ataques aos homossexuais.
“A gente tem de vir. Primeiro para dar visibilidade, para todo mundo ver quantos somos. É importante. Mas é uma festa. É um carnaval, mas a gente se sente ainda mais seguro”, contou o bancário Renato Auricchio da Silva, de 25 anos, vestido com um maiô e saia transparente.
Na Rua da Consolação, havia também muitas famílias, amontoadas nos cantos da rua, que estavam ali só para ver a festa. “Eu já vim vários anos, moro aqui do lado. Desta vez, a gente trouxe nossa filha para ver, mas ela não está nem aí”, disse a vendedora de móveis Marília Paz Morais, de 36 anos, que estava com marido e filha, Laura, de 3 anos, que tinha as atenções mais voltadas para uma bexiga de unicórnio que acabara de ganhar do que para a parada em si.
A música predominante foi a das batidas eletrônicas. Mas também havia espaço para funk nacional e clássicos da disco, dos anos 1970, extremamente associados especificamente aos gays. O trânsito de todo o entorno foi bloqueado e, como ocorre em todos os anos, houve congestionamento na Avenida Rebouças.
Com um maiô com as cores do arco-íris, a cantora Anitta tornou o trio em que ela estava um dos mais disputados da parada. Outra cantora que dominou a festa foi Pabllo Vittar, também de maiô com as cores do arco-íris. Ela chegou com um roupão feito de reportagens de jornal sobre crimes ligados à homofobia.