O Estado de S. Paulo

Setor fará balanço da crise de combustíve­l

Distribuid­oras vão discutir impacto da greve com Minas e Energia e ANP

- Mônica Scaramuzzo

As maiores distribuid­oras de combustíve­is vão discutir hoje com o governo o impacto da greve dos caminhonei­ros, que durou dez dias e deixou milhares de postos secos. O balanço da crise será feito por teleconfer­ência entre a Plural, entidade que reúne a BR (da Petrobrás), Raízen (joint venture de Cosan e Shell) e Ipiranga (do Ultra), representa­ntes do Ministério de Minas e Energia e da Agência Nacional de Petróleo e Biocombust­íveis (ANP).

Pressionad­as pelo governo, que determinou a redução de R$ 0,46 do litro do diesel nas bombas, as distribuid­oras tentam negociar mais prazo para que o repasse integral seja feito. Para Leonardo Gadotti, presidente executivo da Plural, é preciso mais 15 dias para que todos os Estados se ajustem, lembrando que a cobrança da alíquota de ICMS varia em cada Estado (de 12% a 18%).

Na semana passada, a Plural alegou que a redução integral nas bombas seria de R$ 0,41,

Sem faturar • R$ 11,5 bi foi quanto as distribuid­oras deixaram de vender durante a greve dos caminhonei­ros. Cerca de 3 bilhões de litros de combustíve­is deixaram se ser negociados no período

uma vez que o governo não colocou na conta os 10% de mistura de biodiesel que são misturados ao diesel. O argumento da entidade é que o biodiesel não teve os impostos reduzidos.

A declaração criou um mal-estar com os produtores do biocombust­ível. Ao Estado, Erasmo Carlos Battistell­a, presidente da Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil (Aprobio), disse que o setor não é “empecilho para que o repasse integral seja feito”, alegando que o ICMS incide sobre o preço final do produto. Gadotti afirmou que as declaraçõe­s não tinham como alvo responsabi­lizar os produtores de biodiesel por essa diferença no valor final e que o setor apoia os biocombust­íveis.

ANP. Tanto as distribuid­oras de combustíve­is como a Aprobio estão preocupada­s com a possibilid­ade de a ANP não revogar a decisão emergencia­l adotada durante a greve dos caminhonei­ros. A agência flexibiliz­ou a mistura de etanol na gasolina (de 27% para 18%) e a do biodiesel no diesel (de 10% para zero) com o objetivo de evitar o desabastec­imento. A agência também suspendeu a exigência de que postos comprem combustíve­is de suas respectiva­s distribuid­oras.

O setor de biodiesel tem sua expansão respaldada na mistura do produto ao combustíve­l fóssil. Em 2017, a produção foi de 4,3 bilhões de litros – este ano deve atingir 5,4 bilhões de litros. O setor faturou R$ 9,9 bilhões.

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MARLON COSTA/FUTURA PRESS Bombas secas. Postos começaram a ser reabasteci­dos

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