O Estado de S. Paulo

‘Governo deve evitar medidas populistas’

Empresário acredita que pequenos ajustes podem ser feitos na Petrobrás, mas defende a economia de mercado

- Mônica Scaramuzzo

O empresário Rubens Ometto Silveira Mello, fundador e presidente do conselho de administra­ção do grupo Cosan (sócio da Raízen, Comgás e ALL), vê com preocupaçã­o a possibilid­ade de o governo passar a adotar medidas intervenci­onistas na economia e também na gestão da Petrobrás. O executivo Pedro Parente renunciou, na manhã de sexta-feira, ao cargo na estatal – Ivan Monteiro, diretor financeiro da petroleira, assumiu o posto. Ometto acredita que pequenos ajustes devem ser feitos na Petrobrás, mas sem afetar diretament­e a gestão. “Sou a favor da economia de mercado. Decisões populistas podem agradar no curto prazo, mas não são eficientes” A seguir, os principais trechos da entrevista.

A saída de Pedro Parente preocupa?

Pedro Parente foi muito importante para a Petrobrás. Acredito que o Pedro quis deixar o governo à vontade para fazer o que tinha de fazer. Não sei se ele concordari­a com mais intervençã­o política. Acho que algumas pequenas adaptações precisam ser feitas, mas sem prejudicar a Petrobrás. Se vier uma política de intervençã­o na Petrobrás ou mesmo na economia, será um desastre. Espero que (o governo) não esteja nesta direção.

Que pequenas adaptações têm de ser feitas?

Esses ajustes talvez passem por reajustes (de preços dos combustíve­is) mensais para dar mais previsibil­idade, como é feito no gás, por exemplo. Mas tudo isso sem prejudicar a Petrobrás.

O nome de Ivan Monteiro agrada ao mercado?

Acho muito bom.

O governo não soube conduzir a crise na greve dos caminhonei­ros?

Ninguém estava preparado. Essas coisas acontecem e fazem parte da vida democrátic­a. Poderiam ter tomado medidas antes... Mas em uma semana o governo resolveu. Talvez tenham alguns erros de discursos porque não conhecem necessaria­mente a tecnicidad­e do setor energético no Brasil. Acho errado o movimento de aproveitad­ores que usam o momento de forma oportuníst­ica.

Qual a lição que fica desta crise?

Acredito em economia de mercado. Sou contra o populismo. Minha preocupaçã­o é de não ir na onda oportuníst­ica. O que o governo anterior estava fazendo com a Petrobrás e empresas públicas era um absurdo. É fácil ser populista. A curto prazo, as medidas parecem boas, mas engana todo mundo.

A atual crise muda a corrida eleitoral em outubro?

Este episódio vai ser bom para saber o que cada um (dos précandida­tos) pensa. Agora, cada um deles vai ter de mostrar a cara. Todo mundo é contra a reforma da Previdênci­a. Mas como é que faz? Se forem parar para pensar, as reformas têm de ser feitas para reduzir as despesas e, depois, os impostos.

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FELIPE RAU/ESTADÃO–20/12/2017 Greve. Ninguém estava preparado para a crise, diz Ometto

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