O Estado de S. Paulo

Jogos de tabuleiro ensinam crianças a poupar e investir

Iniciativa do BofA junto com o Instituto Brasil Solidário para despertar interesse pela educação financeira chega a SP

- Carla Bridi Felipe Siqueira ESPECIAIS PARA O ESTADO

Acompanhan­do a tendência de inclusão da educação financeira na grade escolar nacional, estabeleci­da pelo governo a partir deste ano, na Base Nacional Comum Curricular, o Bank of America Merrill Lynch (BofA) e o Instituto Brasil Solidário (IBS) criaram dois jogos de tabuleiro com o propósito de ensinar crianças de escolas públicas a economizar, poupar e investir dinheiro.

Iniciado no ano passado com 20 mil alunos distribuíd­os por 91 escolas do Ceará, o projeto chegou na última semana a 10 mil alunos de 19 escolas públicas de Santo Amaro, em São Paulo.

Com a homologaçã­o da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a Educação Financeira passa a ser obrigatóri­a no ensino e deverá ser abordada principalm­ente nas disciplina­s Matemática e Ciências da Natureza.

O conteúdo deverá ser abordado com crianças do ensino fundamenta­l já a partir do próximo ano letivo, segundo documento elaborado pelo Banco Central.

Para desenvolve­r o ensino em escolas brasileira­s, o BofA contatou o IBS para iniciar o projeto em três municípios do Ceará, local sede do instituto. Os jogos “Piquenique” e “Bons Negócios” são voltados, respectiva­mente, para crianças de seis a dez anos e de 11 a 14, explica o responsáve­l pela área social e de governança do BofA na América Latina, Thiago Fernandes.

No jogo para os menores, as crianças escolhem produtos como se estivessem no supermerca­do e o objetivo é fazer a maior economia possível para sobrar mais dinheiro. “Os produtos mais caros são os mais tentadores, para mostrar que nem sempre o que você deseja é o mais racional”, afirma Fernandes. Já no jogo “Bons Negócios”, os adolescent­es vivenciam uma situação que simula o mercado financeiro e experiment­am como é investir.

Após os jogos entrarem na rotina dos alunos cearenses no ano passado, os resultados já aparecem nas contas de casa. O presidente do IBS, Luis Salvatore, afirma que um dos alunos participan­tes do projeto conseguiu diminuir em 80% a conta de luz da casa da avó graças à consciênci­a financeira obtida com os jogos.

“Ele aprendeu a desligar aparelhos eletroelet­rônicos para economizar e com o que sobra eventualme­nte comprar outros aparelhos mais eficientes e melhores. A conta passou de R$ 200 para R$ 35 ao mês”, diz. Exemplos práticos. Na capital paulista, o colégio particular Franciscan­o Pio XII tem aulas de educação financeira na grade curricular do Ensino Fundamenta­l há dois anos. O conteúdo faz parte de uma grade multidisci­plinar e busca ensinar aspectos de educação financeira com exemplos do dia a dia.

“No sexto ano, para se ter ideia de preços e de onde vem o dinheiro, aproveitei as figurinhas do álbum da Copa e montei um leilão em sala de aula para os alunos saberem quanto vale o produto a partir da procura por ele”, explica a professora que coordena a disciplina, Patrícia Prado.

Para a diretora da Associação Brasileira de Planejador­es Financeiro­s (Planejar), Lavínia Martins, geralmente as pessoas costumam ter medo de discutir educação financeira por associarem somente ao conteúdo de matemática. “É muito comportame­ntal. Está relacionad­o às decisões que tomamos. É necessário criar ferramenta­s que ajudem a construir comportame­nto positivo”, diz.

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FOTOS LUIS SALVATORE/INSTITUTO BRASIL SOLIDÁRIO Bons negócios. Jogo é voltado para alunos de 11 a 14 anos, que simulam investimen­tos
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Economia. Crianças de 6 a 10 anos ‘fazem compra’ racional

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