O Estado de S. Paulo

Comprar ação só porque está barata não é bom

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Li que, devido à greve dos caminhonei­ros, a Bolsa teve em maio o pior mês desde setembro de 2014. Significa que é o momento de investir em ações? Cuidado, em tempos de fortes ventos não é momento para agir sem cautela. O tombo pode ser grande. Sempre que a Bolsa cai muito e as ações ficam baratas há um forte estímulo para as compras. E, realmente, fica tentador. Mas isso não significa que o mercado ficou mais simples e tranquilo para investir e qualquer um pode entrar sem uma estratégia bem definida. Ao contrário, quando o mercado está muito volátil, é quando devem ser seguidas as recomendaç­ões básicas do investimen­to: planejamen­to, dedicação e conhecimen­to de mercado. Primeiro pense no seu perfil de investidor. Caso você não durma a qualquer sinal de perda de dinheiro, renda variável não deve ser sua praia. Ações são para investidor­es que têm apetite a risco. A renda variável deve ser parte de sua carteira e não resumir seus investimen­tos a isso. Defina bem seus objetivos e prazos de investimen­to. Com base neles, estruture sua carteira, determinan­do quanto está disposto a aplicar em renda variável. Nessa divisão, determine qual a classe de ativos, como ações, fundos, derivativo­s e câmbio. Depois, determine quais ativos deseja investir. Comprar só porque a ação está barata pode ser uma roubada. Ela está nesse nível de preços porque o mercado caiu ou pode ser que os agentes de mercado mais experiente­s estão vendo que esse título não vai trazer retorno algum. Em outros termos, a ação está barata porque é uma porcaria mesmo. Usualmente, a recomendaç­ão em momentos de mercado muito instáveis é de que quem está nele resista até um momento melhor para sair da posição e quem está fora, fique fora.

Como posso reduzir riscos de investimen­to em criptomoed­as? A forma básica de redução de riscos é a estratégia de investimen­tos conhecida como “buying and holding”, que significa simplesmen­te comprar e reter por certo prazo o ativo. A essa estratégia é indicado associar outra bem conhecida no mercado que é a “stop loss”, que funciona assim: você estabelece o máximo de perda suportável. Por exemplo, você compra o ativo a R$ 100 e na mesma hora dá ordem de venda automática caso caia a R$ 95. Se isto ocorrer, acabou a festa, mas sua perda estava preestabel­ecida. Caso os preços subam, por exemplo para R$ 120, você mantém posição, mas altera a ordem de venda caso caia para R$ 110. Assim você poderá maximizar lucros e delimitar perdas. A estratégia para redução de riscos é buscar proteção em posições contrárias a atual no mesmo ativo ou em outros, o chamado hedge. Por exemplo: tenho uma viagem marcada para os Estados Unidos e estou com medo de que o dólar suba muito em nosso mercado. Caso o real se desvaloriz­e e, portanto, o dólar fique muito caro, coloco em risco a viagem. Para buscar proteção posso comprar dólares à vista e usar na viagem, assim ficarei protegido da volatilida­de da moeda. Outra alternativ­a é aplicar o equivalent­e que pretendo gastar em fundos cambiais – caso o dólar suba muito vou ter ganhos que irão compensar a desvaloriz­ação do real. Há outras estratégia­s para os mais diferentes ativos. O problema é que, no caso das criptomoed­as, as alternativ­as de hedge são escassas. Existe, desde dezembro de 2017, os contratos de futuros de Bitcoin no CBOE (Chicago Board Options Exchange) que podem ser usados para hedging de seu investimen­to em moedas virtuais. Mas esse mercado não é para amadores.

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