O Estado de S. Paulo

‘UM PEDIDO DE DESCULPAS É O MÍNIMO’

‘Parece que vieram atrás do primeiro ‘Amorim’ que acharam’, diz sindicalis­ta preso por engano

- José Maria Tomazela SOROCABA

Preso por engano pela Polícia Federal na Operação Registro Espúrio, o ex-presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio (Sincomerci­ário) de Sorocaba Ruy Queiroz Amorim disse esperar por um pedido formal de desculpas. “Não pretendo tomar outras providênci­as, mas um pedido público de desculpas é o mínimo, diante de todo o constrangi­mento que passei diante da minha família”, afirmou Amorim ao Estado.

O nome “Amorim” foi citado nas investigaç­ões da Registro Espúrio. “Era só um nome, não havia sobrenome ou número de CPF e outros documentos. Sou sindicalis­ta há 30 anos, por isso meu nome está nos arquivos do ministério. Parece que vieram atrás do primeiro ‘Amorim’ que acharam nos registros”, disse.

Na quarta-feira da semana passada, dia da operação, a mulher de Amorim foi acordada às 6h por batidas no portão do sobrado onde a família mora, no Jardim Europa, zona sul da cidade. “Ela me acordou: ‘Tem um carro preto aí na frente, parece que é a Polícia Federal’. Eu falei que devia ser algo com algum vizinho. Eles pediram que eu descesse”, relatou o ex-presidente do Sincomerci­ário.

Os agentes recolheram documentos e prestações de contas de quando ele foi candidato a vereador, em Sorocaba, em 2016. “Eles falaram qual era o propósito da investigaç­ão e achei estranho, pois o registro do nosso sindicato já completou 60 anos.” Amorim afirmou que manteve contato com o deputado Paulinho da Força (SD-SP) entre 2012 e 2014, quando ele capitaneav­a pleito dos sindicatos pela redução da jornada de 44 para 42 horas semanais. “Mas nada foi aprovado.”

Equívoco. O sindicalis­ta disse que foi levado a uma delegacia em Sorocaba. “Fizeram umas 20 perguntas e eu não tinha conhecimen­to de nada. Mesmo assim, disseram que eu seria conduzido à superinten­dência (da PF) em São Paulo.” Amorim viajou de carro, com dois agentes, sem algemas. “Eles foram corteses. Voltei a prestar um longo depoimento. Ao final, o superinten­dente admitiu que houve um equívoco e disse que seria feito um pedido formal de desculpas.”

Ele foi liberado às 19h, mas a notícia da prisão já havia se espalhado. “Sou uma pessoa conhecida, já fui candidato a vereador e sou professor de sociologia. Tenho insistido com meus alunos na defesa dos princípios éticos. Como fico depois de uma situação como esta?” Amorim disse que, após a notícia da prisão, recebeu solidaried­ade de quem o conhece. “O problema é que isso assustou muito minha família. (Meus filhos) ficaram mais assustados que eu, que estava seguro da minha inocência.”

A superinten­dência da PF em São Paulo informou que a operação “era da PF do Distrito Federal”. A reportagem entrou em contato com a corporação em Brasília, mas não houve resposta até a conclusão desta edição.

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EPITACIO PESSOA/ESTADÃO Sindicalis­ta. Ruy Amorim no Sindicato dos Comerciári­os de Sorocaba, onde ocupa o cargo de primeiro-secretário

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