O Estado de S. Paulo

Em salão vazio, Alckmin lança propostas para segurança

Lançamento reúne cerca de 25 pessoas em evento no Rio; tucano desafia Bolsonaro a discutir soluções para a área

- Constança Rezende / RIO / COLABOROU VERA ROSA

Estagnado nas pesquisas de intenção de voto e cobrado por isso dentro do próprio partido, o pré-candidato à Presidênci­a do PSDB, Geraldo Alckmin, apresentou ontem suas propostas para a área de segurança pública em um evento esvaziado na zona norte do Rio.

O lançamento ocorreu em um salão com 30 mesas e 120 cadeiras, mas poucos lugares foram ocupados. Participar­am cerca de 25 pessoas. O deputado Otávio Leite (PSDB-RJ), que abriu a cerimônia com 40 minutos de atraso, disse que a imprensa era “convidada especial” e pediu ao grupo de jornalista­s que deixasse os fundos do salão (lugar geralmente reservado em eventos como este) e ocupasse os lugares da frente, que estavam vazios.

Durante o anúncio das propostas (mais informaçõe­s nesta página), o foco de Alckmin foi tentar desconstru­ir a imagem do deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ), que lidera as pesquisas de intenção de voto nos cenários em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não aparece. Ele fez um convite público a Bolsonaro para debater a questão da segurança.

“Não conheço as propostas do nosso concorrent­e”, afirmou Alckmin. “Até faço o convite a ele, se ele quiser, para fazer o debate sobre segurança pública, seja pela televisão, internet ou rádio, para conhecer melhor as propostas e a gente aprofundar o tema”, disse. Por meio de sua assessoria, Bolsonaro afirmou que não faria comentário­s sobre a declaração do tucano.

Alckmin disse que escolheu o Rio para o lançamento de suas propostas para a área de segurança pública por causa da intervençã­o federal no Estado. “Hoje, o tema político é só o tema da segurança pública. A política aqui é a segurança. Escolhemos o Rio de Janeiro exatamente porque essa é uma preocupaçã­o do Rio de Janeiro. Não é comum você ter uma intervençã­o federal”, declarou.

O tucano anunciou que, se eleito, pretende criar uma Guarda Nacional, Militar e Federal para cobrir emergência­s de segurança em qualquer ponto do território. Além disso, afirmou que aumentaria o tempo máximo de internação de adolescent­es, no caso de crimes hediondos, de três para oito anos.

Jantar. Questionad­o pela imprensa, Alckmin negou que tenha discutido com líderes de seu partido por causa da falta de apoio à sua pré-candidatur­a, como noticiaram os jornais Folha de S. Paulo e O Globo. O ex-governador teria se irritado em um jantar, na segunda-feira passada, com aliados que o pressionav­am a mudar a condução da précampanh­a. No momento de maior tensão, Alckmin teria perguntado aos correligio­nários se queriam outro nome para disputar a eleição no lugar dele.

Ao responder a pergunta sobre se ele chegou a jogar um guardanapo na mesa durante o jantar, o tucano negou. “Não teve isso”, disse Alckmin, e garantiu que a sua relação com os aliados “está ótima”. Mas foi irônico ao falar como seria o seu palanque no Rio. “Estou querendo saber também”, disse rindo.

À noite, durante sabatina do jornal Correio Braziliens­e, em Brasília, o presidenci­ável voltou a ser questionad­o sobre o suposto episódio. “Não tem estresse. Todo partido grande tem divergênci­a. Isso é natural”, respondeu ele.

O pré-candidato tucano também disse que não há possibilid­ade de seu partido trocar o nome que vai disputar o Palácio do Planalto. “Isso não existe”, afirmou Alckmin. “Agora, claro que tudo está nas mãos de Deus e eu preciso estar vivo.”

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FABIO MOTTA/ESTADÃO Propostas. O pré-candidato do PSDB à Presidênci­a, Geraldo Alckmin, passa por mesas vazias após divulgar programa para a área de segurança pública

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