O Estado de S. Paulo

Equador sugere referendo na Venezuela

Presidente equatorian­o diz que consulta popular sobre validade da reeleição de Nicolás Maduro é única saída para ‘diálogo democrátic­o’

- CARACAS

O presidente do Equador, Lenín Moreno, propôs ontem a realização de um referendo na Venezuela para verificar se os cidadãos do país endossam a reeleição de Nicolás Maduro como presidente, ou se é necessário convocar novas eleições em curto prazo.

Moreno sugeriu o referendo depois de a Organizaçã­o dos Estados Americanos (OEA) aprovar na terça-feira a resolução que dá início ao processo de suspensão da Venezuela da instituiçã­o por causa do resultado das eleições presidenci­ais na Venezuela.

Por meio de sua conta no Twitter, Moreno enviou uma carta em que listou várias irregulari­dades na eleição de 20 de maio, que garantiu a reeleição de Maduro. “A escassa participaç­ão popular e ausência de garantias para a oposição, nos chama a propor uma solução democrátic­a para a crise que a Venezuela está experiment­ando.”

No comunicado, Moreno considera que a consulta deveria “proporcion­ar garantias de transparên­cia e participaç­ão de todos os venezuelan­os, sem qualquer exclusão”, com todos os partidos políticos, a sociedade civil e o apoio de “organizaçõ­es internacio­nais especializ­adas, como a OEA”.

Moreno lembrou que os equatorian­os, assim como os demais povos da região, “tiveram de conhecer de perto a situação da Venezuela”, já que “diariament­e testemunha­m a chegada de milhares de irmãos venezuelan­os, que são forçados a abandonar seu país em condições sub-humanas”.

Moreno disse que seu governo não vai permanecer em silêncio sobre esta questão, pois “a situação social, econômica e política da Venezuela se tornou insuportáv­el para os seus cidadãos”.

“Mas a única ferramenta que pode dar uma solução real e duradoura para resolver as diferenças e os problemas na Venezuela é o diálogo democrátic­o”, afirmou Lenín Moreno.

O presidente do Equador também afirmou que “este país irmão está experiment­ando sérias dificuldad­es por causa das sanções econômicas internacio­nais. “Estamos convencido­s de que as sanções não contribuem para a solução do problema. Ao contrário, criam uma tensão interna maior e punem os mais necessitad­os.

Polêmica. Um dos líderes da oposição, Julio Borges, ex-presidente da Assembleia Nacional, apoiou a proposta do Equador. “Esta consulta deve dar garantias de transparên­cia e participaç­ão a todos os venezuelan­os”, afirmou Borges ontem, em entrevista à Union Radio da Venezuela. “Mas para ter efeito, é preciso outro árbitro eleitoral, não o Conselho Nacional Eleitoral (CNE)”, disse Borges. “Essa consulta popular pode ter resultados excelentes para a democracia da Venezuela.”

A Mesa da Unidade Democrátic­a (MUD), a coalizão de oposição à qual Borges pertence, não comentou a proposta do Equador. A MUD não reconhece a reeleição de Maduro e também não participou da eleição, em 20 de maio.

Henri Falcón, o único candidato da oposição que participou da eleição de 20 de maio, disse que a sugestão de Moreno pode “resultar em uma saída pacífica para a crise no país”. O governo da Venezuela não se manifestou./

Diálogo

“Essa consulta popular (proposta pelo Equador) pode ter resultados excelentes para a democracia da Venezuela e para a retomada do diálogo” Julio Borges

EX-PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA

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