O Estado de S. Paulo

Diplomata punido em 2013 servirá no Japão

- Lu Aiko Otta / BRASÍLIA

Conhecido por arquitetar, em 2013, a fuga do ex-senador boliviano Roger Pinto Molina de seu país, o diplomata Eduardo Saboia teve sua indicação para a embaixada no Japão aprovada ontem pelo plenário do Senado, por 41 votos a 8.

A indicação foi aprovada após discussão no plenário. O senador Humberto Costa (PT-PE), líder da minoria, disse que o diplomata não estaria capacitado “nem do ponto de vista profission­al nem da experiênci­a nem do ponto de vista ético”.

Saboia era ministro-conselheir­o da embaixada em La Paz quando, em 2012, Molina pediu asilo ao Brasil, alegando perseguiçã­o pelo governo de Evo Morales. A proteção foi concedida, mas o senador não obteve salvocondu­to para sair da Bolívia. Por isso, permaneceu 454 dias trancado em uma sala de 4 m² na embaixada.

A situação precária foi repetidame­nte informada por Saboia a seus superiores, mas nada ocorreu. Em agosto de 2013, com o risco de Molina cometer suicídio, o diplomata decidiu agir por conta própria. Utilizando dois carros com placas diplomátic­as, viajou com o senador até o Brasil. Na fronteira, o grupo foi resgatado por um avião que o senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) tomou emprestado.

Após a operação, Molina passou a viver em Brasília, onde fez curso de pilotagem e passou a exercer a profissão. Ele morreu em agosto do ano passado, em um acidente de avião nas proximidad­es de Luziânia (GO).

A fuga provocou a queda do então chanceler, Antonio de Aguiar Patriota. Saboia foi alvo de um inquérito administra­tivo e foi punido com suspensão de 20 dias por quebra de hierarquia. O diplomata passou a trabalhar na Comissão de Relações Exteriores do Senado, então presidida por Aloysio Nunes e foi promovido após o fim do governo de Dilma Rousseff. Atualmente, ele é chefe de gabinete no Itamaraty.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil