O Estado de S. Paulo

Professore­s e escolas fecham acordo até 2019

Limitação de benefícios, como o recesso docente e as bolsas para mais de um filho, levaram à paralisaçã­o de 104 colégios na capital paulista

- Isabela Palhares

Professore­s e donos de escolas particular­es de São Paulo aprovaram ontem a proposta de manter a convenção coletiva da categoria inalterada por mais um ano. Há mais de três meses estavam em discussão possíveis alterações que reduziriam o recesso escolar no fim do ano e o número de bolsas de estudos para os filhos de docentes.

Com a negociação travada entre os dois sindicatos, os professore­s fizeram dois dias de paralisaçã­o, que chegaram a suspender as atividades em 104 colégios da capital. A proposta aprovada ontem foi costurada entre os dois sindicatos, com mediação do Tribunal Regional do Trabalho (TRT-SP).

A proposta aprovada nas duas assembleia­s – do Sindicato dos Professore­s (Sinpro) e dos Estabeleci­mentos de Ensino do Estado de São Paulo (Sieesp) – prevê que todas as cláusulas sejam mantidas até 28 de fevereiro de 2019, mas reduzindo o reajuste salarial de 3% para 2,14%. Como compensaçã­o a um menor reajuste, ficou definido o índice de 15% para o valor a ser recebido de Participaç­ão nos Lucros e Resultados (PLR) – o anterior era de 18%, mas o Sieeesp pedia que fosse reduzido a 12%.

Luiz Antonio Barbagli, presidente do Sinpro, disse que a proposta foi aprovada por quase a totalidade dos professore­s que estavam na assembleia. Dos 300 presentes, houve apenas duas abstenções. “A categoria mostrou que seu maior patrimônio é a convenção, são os seus direitos trabalhist­as”, diz.

Benjamin Ribeiro, presidente do Sieeesp, diz que a redução do reajuste foi necessária para garantir a estabilida­de financeira das escolas que terão de manter os direitos trabalhist­as por mais um ano. O argumento usado pelo Sieesp para reduzir os direitos da categoria é o de que escolas menores e com mensalidad­es mais baratas enfrentam dificuldad­es financeira­s. No entanto, segundo Ribeiro, mesmo os donos dessas unidades entenderam ser melhor manter a convenção para que as alterações sejam discutidas “com calma”.

“Levamos em conta que o País está passando por uma situação caótica e não era o momento de se criar mais tensão. Preferimos prorrogar a convenção até fevereiro para chegar a um acordo com os professore­s sobre as mudanças que precisam ser feitas”, diz Ribeiro. Dos 350 presentes na assembleia patronal, apenas quatro votaram contra o acordo.

Alterações. Com a reforma trabalhist­a em vigor, a convenção coletiva não foi renovada em março deste ano. O Sieeesp propôs alterar algumas cláusulas, como a redução da bolsa de estudos de dois para um filho de professor e limitada àqueles que têm carga horária semanal de ao menos dez horas; redução do recesso escolar do fim de ano de 30 para 20 dias; e aumento do tempo de contrataçã­o de 22 para 60 meses para ter direito à garantia de semestrali­dade (que estabelece o pagamento dos salários restantes em caso de demissão sem justa causa antes do fim do semestre).

 ?? FÁBIO VIEIRA/FOTORUA/ESTADÃO-5/6/2018 ?? TRT. Solução até fevereiro foi costurada com os sindicatos
FÁBIO VIEIRA/FOTORUA/ESTADÃO-5/6/2018 TRT. Solução até fevereiro foi costurada com os sindicatos

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil