Sintoma causado por zika em bebê pode durar até idade adulta
A infecção por zika pode causar problemas posteriores mesmo nas crianças que não nasceram com anomalias neurológicas graves como a microcefalia. É o que mostra estudo feito por uma equipe de cientistas liderada por quatro pesquisadoras da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e publicado ontem na revista científica Science Translational Medicine.
Para estudar o efeito do zika no longo prazo, o grupo desenvolveu um modelo de pesquisa com camundongos. Foi observado que os animais infectados apresentaram sintomas precoces e tardios da infecção, incluindo perda de peso, déficit cognitivo e problemas persistentes na coordenação motora. A memória e a sociabilidade dos adultos também foi afetada, algo que, segundo os autores do novo estudo, pode ter relação com observações feitas por outros cientistas de que a exposição a alguns vírus logo após o nascimento pode estar associada ao desenvolvimento futuro de autismo e esquizofrenia. “A literatura científica mostra que a infecção por outros vírus, como o da gripe, tem associação com o desenvolvimento de doenças como o autismo e a esquizofrenia na adolescência. Esse impacto na memória e na sociabilidade dos camundongos indica que o zika também poderia desencadear esse tipo de sequela”, afirmou a neurocientista Julia Clarke da Faculdade de Farmácia da UFRJ. Também participaram pesquisadores da Unifesp e da USP.
Taxas de infecção. Estima-se que de 1% a 10% dos bebês infectados pelo vírus durante a gestação nasçam com microcefalia. Como as crianças infectadas na epidemia brasileira ainda não completaram três anos, ainda não é possível observar as consequências em vida adulta, por isso a importância do estudo.