O Estado de S. Paulo

Vila Zelina, a Rússia paulistana

Estima-se que no bairro da zona leste de São Paulo existam cerca de 10 mil descendent­es de russos e familiares

- Gonçalo Junior

Duas grandes bandeiras – uma da Rússia e outra do Brasil – são o cartão de visitas da pizzaria Famiglia Klestoff, que prepara pizzas inspiradas nas principais seleções da Copa. Na próxima semana, os moradores da rua Manaias vão pintar as calçadas. Alguns ficaram em dúvida entre o azul, branco e vermelho da terra natal e o verde e amarelo que os acolheu no Brasil. Ficaram com a segunda opção. A Vila Zelina, bairro localizado na Zona Leste e que concentra o maior número de russos e descendent­es de São Paulo, começa a viver o clima de Mundial.

O maior torneio de futebol do planeta aproxima os russos do futebol. O estudante André Gers, neto de russos, pratica corrida e natação normalment­e, mas faz questão de assistir aos jogos. “A Copa do Mundo significa a união de vários países em torno do futebol. Vou torcer para o Brasil”, diz.

O mesmo movimento ocorre em Campina das Missões (RS), local do início da migração russa no Brasil. Lá, as pessoas costumam praticar futebol, vôlei e caminhada de acordo com Jacinto Zabolotsky, presidente da Associação Cultural Russa Volga do Brasil. “Já existe uma expectativ­a grande pela Copa. Todo mundo só fala disso”, conta.

As novas gerações têm um papel importante nessa paixão repentina. E até mudam a lei natural das coisas. “Eu sempre fui palmeirens­e fanático e meu pai tinha de me levar aos jogos desde criança. E ele começou a gostar. No nosso caso, foi o filho que levou o pai a gostar de futebol”, conta Rafael Klestoff, exjogador de handebol.

O professor de Educação Física Thiago Lopes Gandolfi relembra uma espécie de Copa do Mundo que agitou a região. Em 2008 e 2010, ele levou a equipe de futsal do Colégio São Miguel Arcanjo para um torneio em Moscou a convite da prefeitura de lá. Foram 12 modalidade­s ao todo, mas o futebol foi o carrochefe. “Foram experiênci­as muito importante­s, que ficam para a vida toda”, diz o coordenado­r de Esportes do colégio.

Konstantin Biryukov, adido cultural do Consulado da Rússia em São Paulo, confirma a Vila Zelina como maior concentraç­ão de russos, mas explica que os números não são oficiais. A Associação de Moradores cita dez mil. No total, seriam entre 100 mil e 200 mil russos e descendent­es no Brasil.

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2. Filipe Petrenko, que é coroinha da Igreja Ortodoxa situada na rua Paratiquar­a
3. Rafael, dono da Pizzaria Famiglia Klestoff, que faz pizzas das seleções.
JF DIORIO / ESTADÃO 2. 1. André Gers, com a bola, e os amigos que estudam no Colégio São Miguel Arcanjo. 2. Filipe Petrenko, que é coroinha da Igreja Ortodoxa situada na rua Paratiquar­a 3. Rafael, dono da Pizzaria Famiglia Klestoff, que faz pizzas das seleções.
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TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO 1.

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