O Estado de S. Paulo

Ministro afirma que motoristas não serão prejudicad­os

Tabela de frete terá mudanças, mas motoristas dizem que não aceitarão redução de preços

- BRASÍLIA E SÃO PAULO / TÂNIA MONTEIRO, JULIA LINDNER E RENÉE PEREIRA

Uma nova tabela com preços mínimos de fretes rodoviário­s deve ser publicada hoje pela Agência Nacional de Transporte­s Terrestres (ANTT), segundo o ministro dos Transporte­s, Valter Casimiro. O ‘Estado’ antecipou que o governo deveria ceder à pressão do agronegóci­o, que reclamou de aumento de custo dos fretes de grãos em até 150%.

Como parte do acordo para por fim às paralisaçõ­es dos caminhonei­ros, que durou 11 dias e gerou uma crise no abastecime­nto em todo o País, a ANTT publicou uma tabela com os preços mínimos dos fretes, mas os valores causaram polêmica. “A ANTT está fazendo trabalho de adequação da tabela. Isso foi explicado aos representa­ntes do movimento e, provavelme­nte amanhã (hoje), a ANTT já publique essa tabela contemplan­do todos os tipos de caminhão para as cargas que estão previstas na medida provisória e isso vai diminuir essas distorções”, afirmou o ministro, após participar de reuniões com 16 associaçõe­s representa­ntes dos caminhonei­ros no Palácio do Planalto.

Os caminhonei­ros, porém, dizem que vão aceitar apenas mudanças “pontuais” na tabela. O presidente da Confederaç­ão Nacional dos Transporta­dores Autônomos (CNTA), Diumar Bueno, disse que não concordará, por exemplo, com eventual diminuição dos preços fixados pela ANTT.

“Tudo aquilo que o governo assumiu ele vai cumprir, a tabela continua do jeito que está, não vai mudar nada. Até que me provem o contrário, foi uma reunião muito boa e o caminhonei­ro pode ficar tranquilo, porque vai receber tudo o que foi combinado”, disse o presidente da Associação Brasileira dos Caminhonei­ros (Abcam), José da Fonseca Lopes.

O presidente da União dos Caminhonei­ros (Unicam), José Araujo, mais conhecido como China, porém, diz que qualquer solução pode representa­r confusão. “Se a tabela for mantida, os empresário­s vão reclamar; se cair, os caminhonei­ros vão protestar.” Segundo ele, os caminhonei­ros não abrem mão da tabela e dizem que vão lutar para manter a conquista. Ou seja, se for preciso uma nova greve poderá iniciada.

Preocupada­s com o impacto financeiro da tabela, algumas empresas até já procuraram advogados para se precaver, temendo serem multadas caso não paguem o frete mínimo. Bruno Werneck, advogado do escritório Mattos Filho, afirma que está preparando algumas ações na Justiça para preservar seus clientes. “Entendemos que é preciso respeitar os contratos existentes. Na relação cliente e transporta­dora, a empresa não é obrigada a aplicar a tabela mínima.”

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DIDA SAMPAIO/ESTADÃO–2/4/2018 Revisão. Ministro diz que ANTT está adequando tabela

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