O Estado de S. Paulo

Déficit do INSS atrapalhou menos as contas públicas

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Em abril, o déficit do Instituto Nacional de Previdênci­a Social (INSS), embora muito elevado, não impediu que o governo central registrass­e um superávit primário corrente de R$ 7,2 bilhões. Infelizmen­te, o superávit do Tesouro não será mantido nos próximos meses.

O desequilíb­rio da Previdênci­a Social atingiu R$ 12,16 bilhões em abril, segundo o relatório Resultado do Tesouro Nacional. Entre abril de 2017 e abril de 2018, o déficit nominal aumentou apenas 1,4%, apesar da antecipaçã­o do pagamento de precatório­s. Em termos reais, não houve déficit, mas um leve superávit de R$ 164 milhões no período. Neste ano, um pequeno efeito positivo veio da retomada da atividade econômica e do aumento do número de trabalhado­res com carteira assinada.

As despesas com benefícios previdenci­ários cresceram 1,5% entre abril de 2017 e abril de 2018, mas essa elevação foi compensada, parcialmen­te, pela redução de 0,4% ou R$ 4,61 do valor médio real dos benefícios. No mesmo período, a arrecadaçã­o líquida do INSS cresceu 2,5% reais. Um dos maiores problemas continua sendo o do aumento sem interrupçã­o dos pedidos de aposentado­ria: o número anual de novos benefícios foi de 613,4 mil.

No primeiro quadrimest­re, as contas do INSS continuara­m sendo um gravíssimo problema para as contas públicas. O déficit previdenci­ário de R$ 61,21 bilhões no período superou em 14,5% reais o do primeiro quadrimest­re de 2017, de R$ 52 bilhões.

Na melhor das hipóteses, o déficit deste ano da Previdênci­a Social será comparável ao do ano passado, quando atingiu R$ 182,5 bilhões. O mais provável é que seja ainda maior em 2018, mas bastaria que repetisse o de 2017 para ser o principal responsáve­l pelo déficit primário do Tesouro.

Não há, de fato, perspectiv­as de que o desequilíb­rio possa ser evitado, pois as receitas do INSS crescem em ritmo inferior ao das despesas. O impacto da greve dos transporta­dores sobre a economia e o emprego tende a tornar o problema ainda mais delicado.

O conserto da legislação previdenci­ária é o maior desafio fiscal do futuro governo, seja ele qual for. Desde já os eleitores devem ver com cuidado o que os presidenci­áveis falam sobre os regimes previdenci­ários. Se não estiverem comprometi­dos com a mudança, estarão agindo como populistas à procura de eleitores para engabelar.

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