O Estado de S. Paulo

Mais de 2 mil postos foram autuados

- Lu Aiko Otta Luci Ribeiro / BRASÍLIA

O governo fiscalizou 2.329 postos de combustíve­is para verificar o repasse do desconto de R$ 0,46 no litro do diesel determinad­o pelo governo no acordo que encerrou a greve dos caminhonei­ros. Desses, 2.035 foram autuados ou orientados a se adequarem às novas normas.

Segundo informou o Ministério da Justiça, nenhum posto foi multado. Primeiro é preciso instaurar um processo administra­tivo e só ao final dele é estabeleci­da a multa, se for o caso.

Ontem, a pasta editou portaria orientando os Procons na fiscalizaç­ão dos postos. Eles deverão requisitar notas fiscais de venda ao consumidor para determinar qual foi o desconto dado pelo estabeleci­mento.

A portaria diz que os postos deverão deixar visível em faixas, placas ou cartazes o desconto dado no diesel. Deverão informar o preço cobrado no dia 21 de maio e o do dia 1 de junho. A falta da informação pode gerar multa. Foi com base nessa portaria que o Procon do Distrito Federal começou suas fiscalizaç­ões na tarde de ontem.

“Melhorou bem”, comentou o presidente da Federação Nacional do Comércio de Combustíve­is e de Lubrifican­tes (Fecombustí­veis), Paulo Miranda Soares. No início da semana ele havia dito que a portaria determinan­do o imediato repasse do desconto às bombas era “superficia­l” e deixava muitas dúvidas. “Mesmo assim, ainda é inconstitu­cional”, disse. A base jurídica para a obrigatori­edade do desconto é ponto de dúvida dentro do próprio governo.

“É pura pirotecnia”, afirmou o ex-secretário Nacional do Consumidor, Arthur Rollo. “O governo está tentando fazer com que os postos, no susto, repassem o desconto.” Segundo ele, eventuais multas poderão ser derrubadas na Justiça pois não há lei estabelece­ndo o desconto ou seu repasse às bombas. O que há é uma portaria.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil