O Estado de S. Paulo

Indústria ameaça ir à Justiça contra governo

Advogados dizem que mudança repentina no Reintegra, que beneficia exportador­es, contraria a lei tributária do País

- Dayanne Sousa

O Instituto Aço Brasil está decidido a levar à Justiça a disputa quanto ao corte no Reintegra, programa de incentivo a exportaçõe­s. Como parte de um pacote lançado pelo governo para compensar as perdas geradas com o subsídio ao preço do diesel após a paralisaçã­o dos caminhonei­ros, o Reintegra teve sua alíquota reduzida de 2% para 0,1%.

A mudança é criticada pelas indústrias, que acreditam que o Reintegra não era apenas um benefício, mas uma forma de compensar exportador­es de manufatura­dos por tributos pagos ao longo da cadeia.

Entre os exportador­es, foi criada uma coalizão de entidades que tem pressionad­o o governo contra o fim do Reintegra. O grupo, comandado pela Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), tem representa­ntes de setores como calçados, tecidos, máquinas, automóveis, eletroelet­rônicos, químico e siderúrgic­o.

Recém-empossado presidente da Fiesp, José Ricardo Roriz Coelho enviou um ofício ao Presidente da República em relação ao Reintegra. “Com as medidas, as empresas estão sofrendo enorme majoração, acima do valor de mercado”, diz Roriz. “É preciso analisar com calma todas as decisões tomadas no calor da greve para que elas não afetem a economia.” A Fiesp diz também que entrará hoje com um mandado de segurança contra o tabelament­o do frete, por considerar que a medida afeta a livre concorrênc­ia.

Argumento. Advogados veem espaço para contestaçã­o na Justiça do corte do benefício aos exportador­es antes do prazo, que iria até o fim do ano. A alteração da alíquota para quase zero é considerad­a uma suspensão inesperada do benefício, algo que tem sido visto como um sinal de inseguranç­a jurídica e um descumprim­ento da legislação tributária.

Em 2015, ações semelhante­s deram a empresas o direito de continuar contando com o benefício da chamada Lei do Bem, que isentava de impostos produtos de informátic­a.

A AEB estima que exportador­es terão alta de custos de 5% a 8% com corte no Reintegra e outras medidas como a reoneração da folha de pagamento e o tabelament­o de fretes, todas ações tomadas pelo governo para aplacar a crise gerada com a greve dos caminhonei­ros e compensar perdas com o subsídio ao diesel. / COLABOROU PEDRO FENIAR BORG, ESPECIAL PARA O ESTADO

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TASSO MARCELO/ESTADÃO-26/5/2011 Estratégia. Instituto busca argumentos para ação judicial

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