O Estado de S. Paulo

Vale vira vice-líder da Bolsa brasileira e fica atrás só da Ambev

Melhora na posição é reflexo da queda das ações da Petrobrás e da reestrutur­ação societária da companhia

- Renata Batista / RIO

A Vale ultrapasso­u na semana passada o Itaú e a Petrobrás e voltou a ser a segunda maior empresa em valor de mercado do Brasil, como ocorria no fim da década passada. Iniciado no ano passado, o movimento reflete, além da valorizaçã­o do câmbio e do minério de ferro, os impactos positivos da reestrutur­ação societária, da migração dos papéis para o Novo Mercado e da nova política de dividendos da companhia.

A melhora de posição da Vale no ranking também leva em conta a fragilidad­e dos papéis da Petrobrás por causa da crise dos combustíve­is e os reflexos da queda dos juros sobre o setor bancário.

Levantamen­to realizado pela Economátic­a mostra que desde a aprovação da reestrutur­ação societária, em 27 de julho de 2017, as ações da mineradora se valorizara­m 83%. No mesmo período, a Petrobrás registrou alta de 42% e o Itaú, de 20%. A Ambev, que permanece como a companhia de maior valor de mercado do Brasil, subiu 6%.

Para Renato Proença, diretor de participaç­ões da Previ, uma das maiores acionistas da companhia, a Vale tem potencial para mais e ainda está subavaliad­a. Tem reservas de melhor qualidade e, diferentem­ente das duas principais concorrent­es australian­as – BHP Billiton e Rio Tinto –, a empresa está saindo da fase de investimen­tos, enquanto as rivais ainda terão de investir mais adiante.

Desde o fim de 2017, a Vale se valorizou mais de US$ 9 bilhões, alcançando quase US$ 73 bilhões em valor de mercado. No mesmo período, suas duas principais concorrent­es ganharam pouco mais de US$ 6 bilhões. As duas permanecem, porém, mais bem cotadas do que a brasileira, com valor de mercado próximo de US$ 80 bilhões.

Para Proença, as mudanças na governança ainda se refletirão favoravelm­ente no valor de mercado da companhia, que tende a se aproximar mais dos concorrent­es. “No mercado de capitais, não basta parecer honesto. Tem de ser honesto e provar o tempo todo”, afirma.

Comparação. A análise do comportame­nto recente das ações das três concorrent­es mostra que o movimento que impactou mais positivame­nte foi a aprovação da reestrutur­ação, há quase um ano. Desde a reestrutur­ação, a rentabilid­ade dos papéis da Vale foi 183% maior que a das ações da BHP, e 144% maior do que as da Rio Tinto.

“No início da década, a Vale chegou a valer mais que a Rio Tinto e quase o mesmo que a BHP, mas perdeu muito valor com as interferên­cias que acontecera­m em sua gestão. O movimento recente de recuperaçã­o é só o começo. A empresa tem potencial para recuperar a posição anterior”, afirma José Carlos Martins, consultor da Neelix Consulting, Metals & Mining.

Para ele, os principais fundamento­s dessa recuperaçã­o são os mesmos apontados pela Previ: governança, reservas de minério de ferro premium e fim do ciclo de investimen­to. Nas mesas de análise, porém, o que vale mesmo é a valorizaçã­o do minério de ferro e a apreciação do câmbio, que beneficiam diretament­e a companhia.

As consultori­as e bancos que ainda não recomendam a compra da ação estão atentas à correção entre as ações e o minério. “A ação ainda não descolou do preço do minério. Pode subir muito mais”, diz um analista.

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