O Estado de S. Paulo

Mudança de foco

Festival de Campos do Jordão dá maior importânci­a à música de câmara em nova edição

- João Luiz Sampaio ESPECIAL PARA O ESTADO

O 49.º Festival Internacio­nal de Inverno de Campos do Jordão será realizado entre os dias 30 de junho e 29 de julho. O evento vai custar R$ 3,2 milhões, mesmo valor do ano passado, quando o evento sofreu um corte de 25% nas verbas. A quantia será paga pela iniciativa privada, sem investimen­to direto da Secretaria de Estado da Cultura. Ao todo, serão cerca de 90 apresentaç­ões. Como nos anos anteriores, a atividade pedagógica será inteiramen­te realizada em São Paulo, com nova queda no número de alunos: em 2016, eram 217; em 2017, 205; e, nesta nova edição, 198.

A abertura do festival, no dia 30, será com a Osesp, que, com Marin Alsop, repete parte do programa apresentad­o nos dias anteriores na Sala São Paulo, mas sem a presença da mezzo-soprano italiana Anna Caterina Antonacci como solista. O grupo também vai apresentar um concerto com a Sinfonia dos Orixás, de Almeida Prado, e a Sinfonia Alpina, de Strauss, atuando ao lado de um grupo de alunos do festival, e fazer dois concertos no último final de semana do evento.

Os alunos vão se dividir entre três conjuntos musicais. A Orquestra do Festival fará dois programas, com regência de Sian Edwards e Pedro Neves, e peças como o Concerto para orquestra de Lutoslawsk­i, o Concerto para piano nº 3 de Beethoven (com solos de Arnaldo Cohen) e os Choros nº 6 de VillaLobos. Edwards também supervisio­na uma das apresentaç­ões da Camerata, que terá direção do violinista Lavard Skou Larsen, e um repertório focado em obras de Haydn, Mozart e Beethoven. O Núcleo de Música Antiga, por sua vez, será dirigido por Luis Otávio Santos e vai apresentar o Magnificat de Bach e o Miserere de Jan Dismas Zelenka.

“O repertório da Orquestra do Festival é exigente, ambicioso, não costuma fazer parte da vida de orquestras jovens”, diz o violonista Fábio Zanon, coordenado­r artístico do festival, que, gerido pela Fundação Osesp, tem direção de Arthur Nestrovski, Marcelo Lopes e consultori­a de Marin Alsop. “Dentro de um festival como esse, se programarm­os obras menores, corremos o risco de deixar muitos alunos ociosos. Por isso, fazemos essa divisão, entendendo a Camerata do Festival como uma orquestra escola e, assim, se dedicando ao repertório clássico, a Mozart, Haydn”, completa.

Para Zanon, a edição deste ano traz uma mudança de foco importante com relação à ênfase na atividade orquestral em detrimento da música de câmara, alvo de críticas em edições anteriores. “Nos últimos anos, tínhamos três programas diferentes para a orquestra do festival. Agora, serão dois, deixando uma semana livre para o trabalho com a música de câmara, com professore­s tocando ao lado de alunos e com um repertório interessan­te, que inclui, por exemplo, estreias de compositor­es brasileiro­s.”

A edição deste ano não terá um grupo residente. O pianista Arnaldo Cohen fará recitais com músicos convidados para marcar seu aniversári­o de 70 anos. Entre os grupos convidados, estão a Orquestra Filarmônic­a de Goiás, a Orquestra Sinfônica de Campinas, a Orquestra Sinfônica de Porto Alegre, e a Orquestra Jovem do Estado de São Paulo, além do Quarteto Osesp e do Quinteto Zephyros. Outras atrações incluem os pianistas Cristian Budu e Lucas Thomazinho, o violinista Winston Ramalho e o violonista Paulo Martelli.

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RODRIGO ROSENTHAL Marin Alsop. Com a Orquestra do Festival durante concerto, no ano passado, em Campos do Jordão

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