Tiroteio fecha aeroporto e bondinho do Pão de Açúcar
Visitantes chegaram a ficar isolados no ponto turístico; Aeroporto Santos Dumont teve de fechar por 15 minutos
Um tiroteio entre policiais e traficantes parou por duas horas ontem a circulação do bondinho do Pão de Açúcar e fechou por 15 minutos o Aeroporto Santos Dumont, no Rio. O Batalhão de Choque fazia operação nas comunidades Babilônia e Chapéu Mangueira, onde há uma guerra entre facções. Criminosos tentaram fugir pelo morro. Dois policiais ficaram feridos.
Um intenso tiroteio entre policiais e traficantes levou pânico à Urca, bairro de classe média alta do Rio e área militar, e deixou a circulação do bondinho do Pão de Açúcar, um dos principais pontos turísticos do País, suspensa por duas horas. É a 1.ª vez que o teleférico, inaugurado em 1912, deixa de circular pela violência. Um grupo de cerca de 100 pessoas, incluindo dezenas de crianças, ficou isolado no Morro do Pão de Açúcar. O Aeroporto Santos Dumont, no centro, também foi fechado por 15 minutos, porque a Urca fica na rota de pouso e decolagem.
“Foi muito tiro e a situação ficou bem tensa lá em cima”, contou um funcionário do Pão de Açúcar, que não quis ser identificado. Ele acompanhava um grupo de 36 meninos e meninas. “Minha preocupação era com as crianças.”
Segundo a Polícia Militar, o Batalhão de Choque iniciou às 8 horas uma operação planejada com base em dados de inteligência nas comunidades Babilônia e Chapéu Mangueira, onde há uma guerra entre facções rivais do tráfico desde o início do mês. O morro fica entre o Leme, a Urca e o Botafogo, na zona sul.
Conforme a PM, às 13 horas os policiais se depararam com bandidos armados na mata acima das comunidades e houve intenso tiroteio. Encurralado, o bando tentou fugir por cima do morro, cuja outra face é voltada para a Praia Vermelha, na Urca. Área militar, o bairro reúne a Escola Superior de Guerra, o Instituto Militar de Engenharia e um batalhão do Exército.
Um vídeo nas redes sociais mostra um bandido tentando descer pela pedra e alcançar a praia. Ele acabou preso e seis fuzis foram apreendidos. Dois PMs se feriram com estilhaços de granada, mas estão fora de perigo. A polícia usou um helicóptero e um jet ski na perseguição dos bandidos.
O bondinho do Pão de Açúcar parou de funcionar às 15 horas e só reabriu após duas horas. Já o aeroporto suspendeu atividades entre 15h15 e 15h30. Segundo a Infraero, o aeroporto já havia sido fechado em março, por causa de um tiroteio. A segurança pública do Rio está sob intervenção federal desde fevereiro.
Pânico. Pelas redes sociais, moradores publicaram imagens do tiroteio e relataram cenas de pânico no bairro, que sempre foi considerado tranquilo justamente pela presença dos militares. “Era muito tiro, muito tiro. Estou tremendo até agora”, contou uma internauta.
Algumas pessoas se abrigaram em um restaurante. No Espaço de Desenvolvimento Infantil Gabriela Mistral, na Urca, crianças se preparavam para um passeio no Pão de Açúcar e foram mantidas presas na sala de aula durante o tiroteio.
Outro grupo de aproximadamente 20 crianças, juntamente com turistas, estava já na estação quando a circulação do bondinho foi suspensa. Cerca de cem pessoas ficaram presas no Morro do Pão de Açúcar sem poder descer enquanto durou a troca de tiros, entre elas um grupo de 36 crianças pequenas. Por segurança, foram levadas para um auditório e receberam comida e água dos administradores do local turístico.
“As crianças estavam tranquilas e não perceberam o que aconteceu”, contou o funcionário que acompanhava o grupo. “Mas nos orientaram a ficar dentro do anfiteatro, que é um local mais protegido.”
O uruguaio Gonzalo Taveira foi um dos turistas que ficaram abrigados no anfiteatro. “O Rio é uma cidade muito bonita, mas tem de controlar essa questão da segurança”, disse. “Estávamos em segurança (durante a troca de tiros), mas dava para ouvir os disparos.”