O Estado de S. Paulo

IIF vê efeito ‘manada’ em países emergentes

Saída de capital passou de US$ 300 milhões em abril para US$ 12,3 bilhões em maio

- Altamiro Silva Junior

“O padrão dos fluxos nos fundos de investimen­tos tem sido marcado por uma falta de seletivida­de”

RELATÓRIO DO NSTITUTO

INTERNACIO­NAL DE FINANÇAS

O Brasil não é o único emergente a enfrentar o mau humor dos investidor­es estrangeir­os. Só em maio, eles retiraram US$ 12,3 bilhões (R$ 45,5 bilhões) em recursos aplicados nesses países. No mês anterior, foram US$ 300 milhões (R$ 1,1 bilhão). Segundo relatório divulgado, ontem, pelo Instituto Internacio­nal de Finanças (IIF), formado pelos 500 maiores bancos do mundo, com sede em Washington, os recentes episódios sugerem um comportame­nto de “manada” por parte dos investidor­es.

Só no mês passado, eles retiraram US$ 6,3 bilhões (R$ 23,3 bilhões) de fundos alocados em países emergentes. Somando com o que foi retirado de aplicações em bolsa e em renda fixa, o montante dobra. Com isso, a alocação das carteiras globais em bônus de países emergentes caiu para pouco menos de 11,5%, menor nível do ano, ressalta o IIF.

O Instituto observa que vários fatores estão contribuin­do para a maior aversão ao risco dos emergentes pelos grandes investidor­es: riscos domésticos de cada mercado, tensões comerciais, elevação de juros nos países desenvolvi­dos, principalm­ente nos Estados Unidos, e o fortalecim­ento do dólar na economia mundial.

Em momentos de maior estresse no mercado financeiro mundial, o IIF ressalta que os investidor­es aumentam a seletivida­de para alocar recursos e avaliam cada país individual­mente. Mas nas últimas semanas esse movimento não vem ocorrendo e tanto os emergentes mais vulnerávei­s como os com fundamento­s melhores estão perdendo recursos.

“O padrão dos fluxos nos fundos tem sido marcado por uma falta de seletivida­de”, ressalta o relatório. Este movimento é típico de comportame­nto de “manada”, quando os investidor­es passam a se guiar pelo comportame­nto dos demais e não pela avaliação dos fundamento­s.

Correção. Em uma lista de 41 moedas acompanhad­as pelo

Broadcast, o real teve a terceira maior desvaloriz­ação no ano, atrás apenas das moedas da Turquia e da Argentina. Anteontem, o Banco Central da Turquia elevou sua taxa básica de juros de 16,5% para 17,75%, alertando ainda que pode optar por novas altas, caso precise voltar a agir para controlar a inflação.

O caso argentino é mais complexo. Os desequilíb­rios nas contas públicas e a postura do governo de Mauricio Macri de manter uma correção apenas gradual dos problemas desagradar­am investidor­es, levando o dólar a bater máxima histórica, a 25 pesos. No auge da crise, no início de maio, o BC elevou a taxa básica de juros a 40% e pediu socorro ao Fundo Monetário Internacio­nal (FMI), que, anteontem anunciou a concessão de um empréstimo US$ 50 bilhões (R$ 185 bilhões).

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MARCOS BRINDICCI/REUTERS-4/6/2018 Socorro. Empréstimo do FMI à Argentina é notícia ‘bem-vinda’, diz IIF

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