O Estado de S. Paulo

A 2ª chance de Neymar

Nos últimos quatro anos, Neymar se confirmou entre os melhores do mundo. Agora, se diz pronto para ganhar uma Copa

- Almir Leite

Aos 26 anos, craque chega ao 2º Mundial em busca do maior título da carreira. “Estou mais vivido, sabendo o que é uma Copa”, disse. Hoje, a seleção disputa o último amistoso.

Enfim, está chegando o momento em que Neymar esperou por quatro anos. Desde que se recuperou do susto de quase perder os movimentos ao sair da Copa em 2014 atingido pelo colombiano Zúñiga, o craque sonha com o torneio na Rússia, que encara como a segunda e mais importante chance de entrar para a história do futebol como campeão do mundo. Em uma semana, contra a Suíça, vai dar o primeiro dos sete passos que podem levá-lo, aos 26 anos, a ganhar um dos poucos títulos de peso que faltam à sua coleção.

Hoje, em Viena, contra a Áustria, Neymar fará seu segundo jogo seguido após três meses parado. Espera desta vez que nem ele nem o Brasil revivam a frustração de quatro anos atrás. “Estou mais experiente, mais vivido. Sabendo o que é uma Copa, vou me preparar melhor do que em 2014”, comenta.

Estou mais vivido, mais experiente. Sabendo o que é uma Copa, vou me preparar melhor do que em 2014 Neymar, SOBRE SUA PARTICIPAÇ­ÃO NA RÚSSIA

Daquele 4 de julho de 2014 até hoje, Neymar esteve sempre em evidência. Pelo que fez de bom e de ruim em campo e pelas confusões em que se meteu, ou se viu metido, fora dele. Bem ou mal, vem superando os obstáculos, mas, por mais otimismo que tenha com Tite, não vai chegar à Rússia da maneira que queria: na plenitude de sua forma física, técnica e emocional.

Tudo por causa da contusão grave sofrida no PSG em 25 de fevereiro, no pé direito, que o deixou com medo e receio de não jogar a Copa. Menos mal que deu tempo. Foram dias e noites de fisioterap­ia, boa dose de “sofrimento” nos três meses em que ficou de molho e algumas decisões a contragost­o do PSG. “O que me fez esquecer um pouco a lesão foi a família e os amigos. Eu me dediquei para chegar bem ao Mundial”, diz.

O craque foi operado em Belo Horizonte, passou a maior parte do período de recuperaçã­o em sua casa de Mangaratib­a (RJ) em companhia do inseparáve­l fisioterap­euta Rafael Martini, o Rafa, e amenizou o sofrimento recebendo visitas dos amigos, dirigentes e, claro, da namorada Bruna Marquezine. Também jogou pôquer, foi a festas e em programas de TV. Vida social intensa para quem não podia colocar o pé no chão. Mas Neymar é assim mesmo.

Desde a apresentaç­ão no Rio em 21 de maio, ele só pensa na Copa. Nem a sedução do Real Madrid parece desconcent­rálo. Quer chegar à Rússia voando. Está 80%, segundo seus próprios cálculos. Admite ainda sentir dor e receio. “Mas a cada treinament­o vou me soltando mais. Não há nada que possa me impedir (de disputar a Copa).”

Quatro anos atrás, com a responsabi­lidade de carregar nas costas uma seleção mal formada, Neymar foi impedido de ir em frente ao sofrer a fratura na terceira vértebra lombar que o tirou do Mundial de maca. Chorou, agradeceu aos brasileiro­s pelo carinho e acompanhou estarrecid­o, como todos, a surra sofrida pela Alemanha.

Porém, 45 dias depois estava de volta com a camisa do Barcelona para conquistar na temporada 2014/15 o Espanhol, a Copa do Rei e a Liga dos Campeões. Na Liga, foi artilheiro ao lado de Cristiano Ronaldo e Messi, com dez gols cada. Destronar o português e o argentino é um dos objetivos de Neymar.

De volta à seleção, com Dunga, Neymar tornou-se um jogador nervoso, irritadiço e descontrol­ado. Mesclava lances geniais com reações intempesti­vas. Envolveu-se em confusão no reencontro com a Colômbia na Copa América do Chile. Perdeu a cabeça e foi expulso.

Ouro olímpico. Neymar ficou fora de alguns jogos pelo Brasil e o Barcelona, que o obrigou a ter férias. Só assim poderia disputar os Jogos Olímpicos do Rio. Neymar chegou fora de forma e de ritmo depois das férias. Foi mal nos dois primeiros jogos. Os torcedores chegaram a brincar que o verdadeiro Neymar era a Marta, do time feminino. Ele sentiu o golpe, até dar a volta or cima contra a Alemanha na final do Maracanã. “Vão ter de me engolir”, disse.

Com o tempo, o Barcelona ficou pequeno. Nas mãos de Tite, ele tirou um peso das costas. O Fisco espanhol não lhe dava trégua. Perdeu a alegria ao lado de Messi até ser envolvido na maior transferên­cia de um jogador de todos os tempos, R$ 820 milhões, ao PSG.

Agora, Neymar chega à Copa rico. No PSG, ganha R$ 166,3 milhões por ano. Recebe milhões como garoto-propaganda. Este ano ele ganhará R$ 120 milhões em publicidad­e – é parceiro de quase duas dezenas de empresas. Seu patrimônio está avaliado em R$ 600 milhões. O brasileiro é figura carimbada em festas de celebridad­es, como o piloto britânico de Fórmula 1 Lewis Hamilton.

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ANDREW BOYERS/REUTERS Contra a Áustria, hoje, Neymar fará seu segundo jogo após a cirurgia Recuperaçã­o.
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WILTON JUNIOR/ESTADÃO Camisa 10. Neymar é o craque da seleção montada por Tite para a Copa

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