O Estado de S. Paulo

Governo terá de adotar medidas de compensaçã­o

Associação de auditores fiscais diz que LRF já está sendo desrespeit­ada e quer barrar na Justiça os parcelamen­tos de dívidas tributária­s já feitos

- / I.T. e A.F.

O Tribunal de Contas da União (TCU) deu prazo de 15 dias para que os ministério­s da Fazenda e do Planejamen­to, a Casa Civil e a Procurador­ia-Geral da Fazenda Nacional se manifestem sobre os riscos que a derrubada dos vetos aos programas de parcelamen­to de dívidas tributária­s de produtores rurais e de empresas do Simples Nacional trazem para as contas públicas.

O ministro do TCU, Vital do Rêgo, quer mais informaçõe­s sobre como os programas afetam o cumpriment­o da “regra de ouro” do Orçamento, que impede a emissão de dívidas para pagar despesas correntes. O governo tem um rombo de R$ 181,9 bilhões para cobrir neste ano e abrir mão de receitas agrava a necessidad­e de financiame­nto e, consequent­emente, as condições de cumpriment­o da regra.

Após ouvir os órgãos envolvidos, o TCU deve indicar como o governo deverá proceder em relação aos parcelamen­tos. A cobrança maior é para que o governo adote com urgência medidas de compensaçã­o, para não violar a Lei de Responsabi­lidade Fiscal (LRF). O TCU estabelece desde 2010 que os únicos meios de compensaçã­o são corte de subsídios, aumento de tributos ou elevação de base de cálculo de impostos.

Diante de tal exigência, a expectativ­a na área econômica é conseguir barrar os benefícios, uma vez que “é difícil achar compensaçã­o” no Orçamento já estrangula­do de 2018, segundo uma fonte. A Procurador­ia-Geral da República (PGR) também recebeu comunicaçã­o do TCU.

Compensaçã­o. Paralelame­nte ao TCU, a Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Unafisco) intensific­ou a pressão contra a falta de compensaçã­o das receitas com o Refis e quer barrar na Justiça os parcelamen­tos já feitos.

A Unafisco já pediu informaçõe­s à Receita com base na Lei de Acesso à Informação cobrando as perdas previstas. Para o diretor técnico da associação, Mauro Silva, a LRF tem sido desrespeit­ada porque ela exige a compensaçã­o da perda de arrecadaçã­o com o aumento de alíquotas de outros impostos ou a criação de novo tributo, o que não tem acontecido.

Procurada, a Casa Civil disse que o governo ainda “está analisando o ofício do TCU”. O Ministério da Fazenda não respondeu até a noite de sexta-feira e o Planejamen­to informou que não vai se manifestar.

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