‘Incentivo supre falha do setor público’, diz CEO em transição
Executivos afirmam que pacotes pesam na decisão para trocar de empresa; entre regalias, massagem semanal
Diretor sênior de marketing da Unilever para a marca Knorr na América Latina, Francisco Spirito é executivo de alto escalão desde 2009. “Estou na empresa há 20 anos. Na Argentina, ocupei duas diretorias e no Brasil, onde estou há quatro anos e meio, ocupo a segunda diretoria”, conta.
Segundo ele, o pacote de benefícios sempre pesa na decisão de quem vai assumir um novo cargo. “Hoje, praticamente todas as companhias adotam o conceito Total Compensation (estratégia para atrair, reter e engajar os profissionais). Algumas vezes, esses benefícios são tão grandes quanto os salários.”
Spirito considera quatro benefícios mais atraentes. “O plano de saúde é importante, principalmente para quem tem filhos, bem como ter carro e celular
“Empresas que investem em benefícios retêm mais os seus talentos do que as companhias que focam somente em salários” Luiz Andreaza DIRETOR DA VAI VOANDO
com todas as despesas pagas pela companhia. Além disso, recebo benefícios adicionais por ser de outro país. A empresa paga o aluguel da minha casa e a escola dos meus quatro filhos.”
Ele diz que os altos executivos da empresa recebem uma quantidade de ações fixas da companhia para cada ano em que se mantém na posição. “É interessante como elemento de retenção. Se a companhia tem bom desempenho, o valor das ações sobe, fazendo com que as pessoas queiram ficar na empresa.”
O engenheiro mecânico e CEO em transição de carreira, Paulo Serrano, concorda com Spirito. Ele considera que muitos benefícios suprem uma necessidade que o governo não entrega e não regulariza como é o caso do plano de saúde. “Hoje, esse item é essencial na tomada de decisão de um profissional, porque mesmo que a pessoa queira contratar um plano individual encontrará dificuldade.”
Outro benefício que ele considera que faz papel complementar é a previdência privada. “Ela proporciona uma motivação a mais ao profissional, que ao deixar a empresa pode continuar contribuindo ou sacar o que foi depositado pela empresa e pelo próprio executivo em uma determinada data.”
Já o diretor da agência de viagens Vai Voando Luiz Andreaza considera que os benefícios oferecidos pela empresa proporcionam maior segurança e conforto aos executivos.
“Gosto, em especial, das parcerias que a empresa mantém com instituições de ensino, que facilitam e incentivam a ampliação do conhecimento e desenvolvimento da carreira dos executivos. Empresas que investem em benefícios retêm mais os seus talentos do que as companhias que focam somente em salários.”
Gerente de gestão de pessoas da consultoria Crowe, Rosana Marques afirma que a soma de benefícios costuma representar de 30% a 40% sobre o salário dos altos executivos da empresa. “Temos uma política de benefícios diretos e indiretos como, por exemplo, plano de carreira, massagem semanal e frutas na geladeira.”