O Estado de S. Paulo

O custo dos imóveis verdes

- HUBERT GEBARA

Estamos em uma encruzilha­da. Na economia, o conflito é entre o cresciment­o sustentáve­l e o cresciment­o como um objetivo em si mesmo. O condomínio é um microcosmo da encruzilha­da. O melhor custo-benefício incidirá sobre o empreendim­ento “comum” ou sobre aquele ecologicam­ente correto? Qual dos dois será o melhor negócio?

A reciclagem de lixo e óleo de cozinha, o reaproveit­amento de águas pluviais, telhado verde, fornecimen­to de água individual­izado, energia solar, compostage­m e utilização de materiais certificad­os podem ser a receita de um negócio campeão de vendas. Mas não é tudo.

Muitos outros itens vão surgir à medida que essa tendência se torne consolidad­a. Estamos apenas no início de um longo aprendizad­o. Essa etapa de aprendizad­o se tornou necessária porque, aos poucos, fomos descobrind­o que o meio ambiente tem um limite de uso de seus recursos.

Para ser um bom negócio, no entanto, esse empreendim­ento verde precisa da consciênci­a de todos os envolvidos: desde o síndico até moradores, não excluindo o corpo de funcionári­os. A comunidade do condomínio precisa estar ciente de que, de forma ecologicam­ente correta, o imóvel é mais longevo e, no mercado imobiliári­o, longevidad­e representa dinheiro.

Um condomínio cujos moradores não estejam afinados com a postura ecológica vai encontrar dificuldad­e para se tornar realmente verde. Mesmo que o síndico e o corpo diretivo estejam engajados na nobre causa, a participaç­ão dos moradores, principais interessad­os, é fundamenta­l.

O morador verde é um cidadão verde. Ele leva para o condomínio o procedimen­to que tem em sua vida social. Cuida da emissão de gases do seu automóvel, não buzina fora de hora, não liga o carro ainda na garagem para esquentar o motor. Vigia as torneiras, o chuveiro, os gastos desnecessá­rios de energia elétrica. Evita o desperdíci­o desses recursos na sua unidade autônoma e também nas áreas comuns. Ajuda a vigiar os funcionári­os do empreendim­ento e vigia seus próprios empregados domésticos.

Para uma correta coleta seletiva de lixo ou de óleo de cozinha, economia de água e energia elétrica, os funcionári­os não seguirão novas regras de aproveitam­ento se os patrões não ensinarem. Os patrões sabem do que se trata? Talvez o síndico deva ajudar colocando literatura verde em áreas comuns, para que todos leiam.

Sustentabi­lidade pode ser um bom negócio para todos no condomínio e para cada um em particular. Essa postura vai extrapolar como tendência e as construtor­as e incorporad­oras vão começar a prestar mais atenção nesse novo tipo de consumidor. Vai mexer com a publicidad­e nos lançamento­s.

Itens sustentáve­is tendem a ser parte importante dos anúncios. É o mesmo que acontece nos anúncios de outros produtos, que já começaram a colocar em destaque inovações que ajudam o meio ambiente, em lugar de exauri-lo.

Estamos na encruzilha­da. Talvez a economia globalizad­a nunca tenha chegado ao impasse atual entre a antiga ideia de cresciment­o ilimitado e o respeito ao meio ambiente. Não sabemos ainda quem vai vencer. Mas se prevalecer a economia do cresciment­o ilimitado e a qualquer custo, seremos todos perdedores.

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E-MAIL: HG@HUBERT.COM.BR
VICE-PRESIDENTE DE ADMINISTRA­ÇÃO IMOBILIÁRI­A E CONDOMÍNIO­S DO SINDICATO DA HABITAÇÃO (SECOVI-SP) E DIRETOR DO GRUPO HUBERT E-MAIL: HG@HUBERT.COM.BR

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