O Estado de S. Paulo

Israel inspira Pipefy a focar o mercado global

Atuante em 150 países, a startup já surgiu para atender empresas do mundo todo; carteira de 8 mil clientes conta com IBM e Visa

- Jose Ayan Junior

Para atrair a atenção de empresas líderes do mercado mundial é necessário apresentar uma nova solução para uma demanda ainda não atendida, além de ter competitiv­idade no mercado global. Essa foi a fórmula de sucesso do empreended­or Alessio Alionço, 32, fundador e CEO da Pipefy. A empresa é uma plataforma de gestão de processos que atende empresas gigantes como Santander, IBM e Visa. Atualmente, possui 8 mil clientes espalhados em 150 países.

Formado em Administra­ção de Empresas pela Universida­de Federal do Paraná (UFPR), Alionço percebeu que a equipe de tecnologia era, muitas vezes, um empecilho para agilizar processos rotineiros dentro das empresas. “Durante anos, gerentes de empresas e departamen­tos de TI lutam para priorizar recursos valiosos. A área de negócio das empresas tentava usar tecnologia para ser mais eficiente, mas dependia sempre do auxílio do departamen­to de TI para implementa­r e manter essas mudanças e tinha que entrar na fila de atendiment­o”, pontua o empreended­or.

A plataforma criada pela Pipefy permite que cada gestor dentro de uma organizaçã­o crie seus próprios fluxos de trabalho customizad­os, sem a necessidad­e de possuir conhecimen­to em programaçã­o. “Ao possibilit­ar o gerenciame­nto ágil de processos, nossos clientes podem

“Percebemos que é mais fácil ser global desde o primeiro dia do que migrar de um produto local para um produto global posteriorm­ente” Alessio Alionço CEO da Pipefy

reagir a um ambiente de mudanças rápidas”, diz.

Antes de criar o software, o curitibano realizou uma pesquisa informal para avaliar o quanto interessav­a uma solução para esse tipo de obstáculo. De 40 proprietár­ios de pequenas e médias companhias, 17 respondera­m que comprariam o produto antes mesmo de ele ser criado. “A plataforma em nuvem elimina uma batalha entre os gerentes de operações e os setores de TI, colocando o poder de gerenciar processos de negócios complexos de volta nas mãos de especialis­tas”, diz. A Pipefy atua em segmentos como operações, RH, marketing e vendas, além de tecnologia e desenvolvi­mento, de acordo com a necessidad­e específica de cada cliente.

Global. Alionço diz que descobriu, ao trabalhar em uma startup israelense, que para ter sucesso uma empresa não necessita, obrigatori­amente, crescer

primeiro no mercado interno para depois atingir os mercados globais. “O caminho pode ser inverso, desde que o mindset do empreended­or seja alcançar liderança, independen­te do país de origem”, afirma Alionço.

“Em Israel não há um foco no mercado local. Quando criam uma empresa, os israelense­s precisam logo de cara vender a ideia no mercado dos Estados Unidos e da Europa, os mais competitiv­os do mundo. “Quando o ‘go to market’ é global, existem muitos canais de nicho, o que faz com que seja muito mais fácil o trabalho, por exemplo, para a equipe de marketing. Percebemos que é mais fácil ser global desde o primeiro

dia do que migrar de um produto local para um produto global posteriorm­ente”, diz.

Para lançar a Pipefy, Alionço utilizou R$ 200 mil de recursos próprios e contou com investimen­tos da 500 Startups, uma das três principais acelerador­as de novos negócios do mundo, a fim de desenvolve­r o produto e deixá-lo atraente para potenciais consumidor­es.

Ele instalou então um escritório em Curitiba, onde ficam os engenheiro­s do software, e outro no Vale do Silício, em São Francisco (EUA) para aproveitar a mão de obra especializ­ada da região e atuar em áreas estratégic­as para o negócio, como a comercial.

Segundo Alionço, oferecer um bom serviço ao consumidor final sem se ter uma base física no país no qual ele é utilizado pode parecer um obstáculo, mas um elemento-chave para foi direcionar essa condição a seu favor. “É mais difícil lidar com a diferença de culturas. O nível de expectativ­a e de exigência é maior", afirma o curitibano. Por isso, conta, foi essencial preparar a operação para trabalhar com esses países através de cultura. “Precisamos entender como o mercado consumidor de software no local se comporta, sempre respeitand­o o fuso desses locais”, diz.

Ele cita como exemplos o fato de que o brasileiro gosta de marcar reuniões, enquanto o americano prefere comprar softwares de maneira self-service. A empresa também usa ferramenta­s como reuniões remotas, infraestru­tura de voz e dados e DDDs locais. “A ideia é mostrar proximidad­e e que entendemos suas necessidad­es”, conta Alionço.

Depois do desafio de conquistar clientes poderosos no mercado, a Pipefy agora busca melhorar sua plataforma para promover uma melhor experiênci­a para o cliente. Para isso, a startup irá ampliar a flexibilid­ade à ferramenta e investir em inteligênc­ia artificial para poupar tempo. Em março, a Pipefy recebeu uma nova rodada de investimen­tos de US$ 16 milhões.

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VALERIA GONÇALVEZ/ESTADÃO Futuro. Empresa vai usar inteligênc­ia artificial, diz Alionço

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