Futebol é alegre e independente
A situação política da Abkházia não impede a torcida de vibrar com o futebol. Tanto é que há dois anos a nação foi sede e venceu a competição mundial voltada especificamente para territórios que se encontram na situação de busca por reconhecimento internacional ou minorias étnicas, a Copa do Mundo de Nações Independentes.
O torneio é realizado a cada dois anos e tem decisão marcada para hoje em Londres, entre Chipre do Norte, uma província separatista, e Kárpátalja, que representa a minoria étnica de origem húngara residente na Ucrânia. A Abkházia começou bem o torneio, ao bater o Tibete na estreia, mas acabou superada em jogos diante dos finalistas. A Fifa não chancela esses torneios.
“O futebol é uma das formas de mostrar ao resto do mundo que a Abkházia merece reconhecimento”, disse ao Estado o diretor da seleção local, Astamur Ashleiba. Assim como os outros times participantes do Mundial, a Abkházia tem metade do elenco formado por amadores.
O torneio conta com eliminatórias para definir os 16 participantes entre os 46 filiados. Organizar a disputa em Abkházia foi um desafio, até pela dificuldade de se entrar no país. “A competição ajuda as fronteiras políticas a se enfraquecerem. Os atletas não são estrelas, mas pessoas que querem vivenciar experiências”, diz o secretário-geral da organização, Sascha Düerkop.
O título de 2016 veio nos pênaltis sobre Panjab, seleção que representa a diáspora de paquistaneses e indianos. A vitória de Abkházia resgatou no público da capital, Sukhumi, o prazer de ver futebol. Desde o início da guerra com a Geórgia, na década de 1990, a região não tem mais clubes profissionais.
Rio-2016. A edição deste ano dos países independentes teve como curiosidade a presença do zagueiro Etimoni Timuani, de Tuvalu. O beque foi o único representante enviado pelo conjunto de ilhas do Oceano Pacífico aos Jogos do Rio. A participação dele foi nos 100 metros rasos. A nação não é filiada à Fifa por não ter campos ideais.