O Estado de S. Paulo

Custo de subsídio ao diesel supera previsão

Cálculo da IFI, do Senado, mostra que o custo será de R$ 14,7 bi, e não R$ 13,5 bi previstos

- Adriana Fernandes Luci Ribeiro/BRASÍLIA

O subsídio federal ao óleo diesel, principal medida do acordo com os caminhonei­ros, cujo custo foi estimado pelo governo em R$ 4 bilhões, terá impacto ainda maior, de R$ 5,2 bilhões, pelos cálculos da Instituiçã­o Fiscal Independen­te (IFI) do Senado Federal. Relatório da IFI que será divulgado hoje aponta um custo total de R$ 14,7 bilhões com o “bolsa caminhonei­ro”, impacto superior aos R$ 13,5 bilhões projetados pela equipe econômica.

A IFI, que tem o papel de acompanhar as contas públicas, vai solicitar informaçõe­s à Receita Federal para verificar a divergênci­a. Qualquer perda de arrecadaçã­o ou aumento de despesas com o subsídio de R$ 0,46 no preço do litro do diesel terá de ser compensado com outras medidas. Se o impacto for maior, o governo terá de ampliar as compensaçõ­es previstas.

As medidas compensató­rias já anunciadas estabelece­m redução de renúncias fiscais e enfrentam resistênci­as. Dois decretos legislativ­os apresentad­os na semana passada tentam barrar a redução da isenção na Zona Franca de Manaus para empresas de refrigeran­tes.

“O custo das medidas para reduzir o preço do diesel é elevado, mas tende a ser em parte acomodado como piora no déficit primário. Nossas preocupaçõ­es seguem concentrad­as no médio prazo”, disse Felipe Salto, diretor executivo da IFI.

Pelos cálculos da instituiçã­o, a renúncia com a redução da Cide e do PIS/Cofins cobrados no preço do diesel é de R$ 5,1 bilhões. Pelo lado da despesa, de acordo com a entidade, o subsídio direto a ser pago à Petrobrás custará R$ 9,6 bilhões, ou seja, R$ 100 milhões a mais em relação aos R$ 9,5 bilhões previstos pela equipe econômica.

Para Salto, as regras fiscais, como o teto de gastos, dependerão de reformas estruturai­s para serem cumpridas. “A dívida segue em franca trajetória de alta”, ressaltou. Segundo ele, o déficit primário do governo com a incorporaç­ão dos custos passaria para R$ 149,2 bilhões neste ano.

Cálculos preliminar­es da IFI apontam que a alta do PIB em 2018 pode passar de 2,7% para 1,9%. A previsão ainda não incorpora todos os efeitos da greve na arrecadaçã­o do governo.

Nova reunião. A Agência Nacional de Transporte­s Terrestres (ANTT) e representa­ntes dos caminhonei­ros marcaram para às 9 horas de hoje, em Brasília, uma nova reunião, de caráter técnico, para discutir o tabelament­o do preço mínimo para o frete rodoviário.

O assunto criou um grande impasse no governo que, sob pressão, já editou duas versões da tabela de preços de fretes. A segunda delas foi revogada horas depois de ter sido divulgada, na noite de quinta-feira passada.

Representa­ntes da categoria se reuniram ao longo do fim de semana para fazer as contas e levar uma proposta à ANTT.

A agência já avisou que uma eventual terceira versão da tabela, que pode ficar pronta entre hoje e amanhã, será submetida a uma audiência pública que durará de 30 a 45 dias. Na mesa de negociaçõe­s há, inclusive, a proposta de se estipular preços diferencia­dos para os períodos de safra e de entressafr­a.

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HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO-7/6/2018 Nas bombas. Governo fixou desconto de R$ 0,46 no diesel

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