O Estado de S. Paulo

Juiz recusa primeira ação

Juiz Federal cita ‘sobrecarga’ de trabalho ao redistribu­ir processo; investigaç­ão apura esquema de propinas nas rodovias do Estado

- Luiz Vassallo Ricardo Brandt

Sérgio Moro alegou sobrecarga de trabalho ao redistribu­ir processo da Lava Jato que investiga esquema de propinas nas rodovias do Paraná.

Pela primeira vez, o juiz Sérgio Moro abriu mão de conduzir uma ação penal da Lava Jato. A investigaç­ão apura fraudes no Departamen­to de Estradas e Rodagens do Paraná (DER-PR) e teve início na 48.ª fase da operação, chamada Integração e deflagrada em fevereiro.

Ao redistribu­ir a ação, o magistrado alegou “sobrecarga com as persistent­es apurações de crimes relacionad­os a contratos da Petrobrás e ao Setor de Operações Estruturad­as do Grupo Odebrecht”. “O número de casos é elevado, bem como a complexida­de de cada um, gerando natural dificuldad­es para processame­nto em tempo razoável”, escreveu Moro.

O processo envolve a concession­ária Econorte, que integra o grupo Triunfo, operadores financeiro­s envolvidos com a concession­ária e servidores públicos na lavagem de dinheiro no valor de R$ 91 milhões. Em fevereiro, a Lava Jato chegou a fazer uma operação de busca e apreensão no gabinete da Casa Civil do governo do Paraná, então governado por Beto Richa (PSDB).

Na ação, administra­dores da Econorte e do grupo Triunfo foram denunciado­s por associação criminosa, lavagem de dinheiro e estelionat­o. A força-tarefa suspeita de um esquema de contrataçõ­es fraudulent­as e desvios no âmbito da Econorte, com o objetivo de fraudar o equilíbrio econômico e financeiro do contrato de concessão com o Estado do Paraná, além de gerar dinheiro em espécie para pagamento de vantagens indevidas a servidores públicos e também para enriquecim­ento dos próprios administra­dores e funcionári­os da concession­ária.

O esquema também viabilizar­ia a obtenção de aditivos contratuai­s favoráveis à Econorte junto ao DER-PR. Administra­dores da Econorte e da Rio Tibagi, empresa também controlada pelo grupo Triunfo, foram denunciado­s ainda pela prática de peculato por terem se beneficiad­o do esquema de contrataçõ­es ilícitas que gerenciava­m no âmbito da concession­ária.

Operadores. Entre os operadores financeiro­s acusados, estão Ivan Carratu, Rodrigo Tacla Duran, Adir Assad e Marcelo Abud, já investigad­os anteriorme­nte pela Lava Jato. Assad e Abud firmaram acordo de colaboraçã­o premiada com o MPF e detalharam o esquema. A denúncia também acusa Duran e Carratu pela lavagem de outros R$ 6 milhões para empresas do Grupo Triunfo por intermédio da simulação de contratos de serviços jurídicos. Segundo a acusação, os operadores financeiro­s eram responsáve­is por gerar dinheiro a partir de contratos firmados pelo grupo Triunfo com empresas de fachada.

À época da operação, o Grupo Triunfo, controlado­r da Econorte, disse que segue à disposição das autoridade­s para “elucidação dos fatos apurados na operação”. As defesas de Carratu, Duran, Assad e Abud não foram localizada­s.

“O número de casos é elevado, bem como a complexida­de de cada um, gerando natural dificuldad­es para processame­nto em tempo razoável.”

Sérgio Moro

JUIZ FEDERAL, AO ABRIR MÃO DA AÇÃO

 ?? WERTHER SANTANA/ESTADÃO - 3/7/2015 ?? Processo. O juiz federal Sérgio Moro, responsáve­l pela 13ª Vara de Curitiba; ação fazia parte da 48.ª fase da Lava Jato, a Integração, deflagrada em fevereiro
WERTHER SANTANA/ESTADÃO - 3/7/2015 Processo. O juiz federal Sérgio Moro, responsáve­l pela 13ª Vara de Curitiba; ação fazia parte da 48.ª fase da Lava Jato, a Integração, deflagrada em fevereiro

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