Rui Costa contraria resolução do PT e diz priorizar aliança local
Governador da Bahia pretende tirar o PSB de sua chapa à reeleição; postura se opõe à orientação do partido
O governador da Bahia e précandidato à reeleição, Rui Costa (PT), disse ontem que a composição de sua chapa à reeleição “vai levar em conta muito mais o cenário estadual do que o nacional”. A declaração do governador baiano vai de encontro à orientação do Diretório Nacional do PT, que, em resolução publicada no fim de semana passado, determinou que as alianças regionais deverão ser subordinadas à coligação para a candidatura presidencial.
Rui tem indicado que não vai oferecer uma das vagas na précandidatura ao Senado em sua aliança à senadora Lídice da Matta (PSB), aliada histórica do PT na Bahia. O encontro entre Rui e Lídice, no qual o governador deve oferecer à senadora a vaga de suplente ou de deputada federal, já foi adiado algumas vezes. O último adiamento aconteceu ontem, véspera de um almoço marcado entre os dois na sede do governo da Bahia. O encontro deve ocorrer até o final desta semana.
O PSB é visto como prioridade do PT para a composição de uma aliança nacional, que por enquanto tem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso pela Lava Jato, como cabeça de chapa. As duas legendas negociam apoios mútuos em 11 Estados, e a Bahia, ao lado de Pernambuco, Minas e Amapá, são considerados como prioridades.
Na semana passada, a presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), se reuniu com o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira e com o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB). No mesmo dia, decidiu adiar encontros estaduais e ganhar tempo para que o PT de Pernambuco desista da candidatura própria, da vereadora do Recife Marília Arraes, e apoie a reeleição de Câmara. Além disso, o PT cogita oferecer ao ex-prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB), a vaga de candidato a vice-presidência.
Rui pretende oferecer a vaga de candidato ao Senado ao presidente da Assembleia Legislativa da Bahia, Ângelo Coronel (PSD), aliado do senador Otto Alencar (PSB-BA). A segunda vaga na chapa é reservada ao padrinho político de Rui, o ex-governador da Bahia e ex-ministro Jaques Wagner (PT).
Ontem, o governador justificou que o cenário nacional ainda está “muito indefinido” e não há previsão de nos próximos 30 dias haja uma definição. “O cenário nacional pode se mexer para um lado ou para o outro a partir de julho, após a Copa, e nós não vamos esperar até lá”, afirmou.
O anúncio oficial da formação da chapa, antes marcado para sexta-feira, deve ser adiado para a próxima semana. O objetivo, dizem interlocutores do governador, é diluir o desgaste da exclusão do PSB durante os festejos juninos.
Gleisi. Se alijar de sua chapa a senadora do PSB, Rui baterá de frente com Gleisi, defensora da pré-candidatura à reeleição de Lídice ao Senado. Ao lado da presidente do PT, Lídice foi uma das senadoras que estiveram na linha de frente da tentativa de evitar o impeachment da então presidente Dilma Rousseff, em 2016.
Gleisi, inclusive, já gravou vídeos em apoio à pré-candidatura de Lídice ao Senado. No final de semana, a senadora paranaense disse ao Jornal do Brasil que interferiria no assunto. “Se for necessário, vamos ter mais ênfase ainda em defender. Seria o momento de retribuir à Lídice a todo o apoio que ela nos deu”, afirmou ao JB.
Procurada ontem, Gleisi enviou nota afirmando que “o esforço do PT é fazer aliança nacional e alianças estaduais com a centro-esquerda, especialmente com o PSB, onde isso for possível, respeitando a realidade política de cada estado”. Lídice afirmou que não iria se pronunciar sobre o assunto.
“O cenário nacional pode se mexer para um lado ou para o outro a partir de julho, após a Copa, e nós não vamos esperar até lá.” Rui Costa
GOVERNADOR DA BAHIA