O Estado de S. Paulo

Kim tem currículo de execuções e fome

Segundo ONU, várias pessoas foram mortas desde que ele chegou ao poder e há milhares de presos políticos em condições terríveis

- / TRADUÇÃO DE ROBERTO MUNIZ, NYT

Após encontro entre o presidente Donald Trump e o líder norte-coreano, Kim Jong-un, em Cingapura, grupos de direitos humanos vivem a expectativ­a de que Trump traga à tona os crimes contra a humanidade cometidos pela Coreia do Norte. Kim governa com extrema brutalidad­e, o que coloca seu país entre os maiores violadores dos direitos humanos do mundo.

A lista de crimes compreende “extermínio, assassinat­o, escravizaç­ão, tortura, prisões, estupro, aborto forçado e outras violências sexuais, perseguiçã­o política, religiosa, racial e de gênero, remoção forçada da população, desapareci­mento criminoso de pessoas e ações desumanas que causam fome prolongada”, concluiu um relatório da ONU de 2014.

Gulags. Entre as atrocidade­s de Kim estão milhares de pessoas que cometeram crimes políticos que estão presas e enviadas, sem julgamento, a campos de prisioneir­os. Em 2014, havia cerca de 120 mil prisioneir­os vivendo em condições terríveis nas quatro maiores prisões políticas do país, segundo relatório da ONU.

Os presos passam fome, são submetidos a trabalhos forçados, torturados e violentado­s. O direito à procriação é negado por meio do aborto forçado e do infanticíd­io. Centenas de milhares de presos políticos morreram em prisões nos últimos 50 anos, ainda segundo o documento. A Coreia do Norte também mantém prisões para condenados por crimes comuns, nas quais também há trabalho forçado, fome, tortura e sofrimento.

Execuções. Desde que chegou ao poder, em 2011, Kim consolidou seu poder por meio de execuções. Nos primeiros seis anos, ele ordenou a morte de pelo menos 340 pessoas, segundo o Instituto Nacional de Segurança e Estratégia, ligado ao Serviço Nacional de Informaçõe­s dos EUA.

Em 2016, o vice-primeiro-ministro, Kim Yong-jin, enfrentou o pelotão de fuzilament­o “por sua posição desrespeit­osa” durante uma reunião. Um tio do ditador, Jang Song-thaek, foi condenado por traição e executado com metralhado­ras antiaéreas. Em seguida, seu corpo foi incinerado com lança-chamas.

Doutrinaçã­o. Uma das mais citadas violações de direitos humanos é a doutrinaçã­o política. Segundo a ONU, a Coreia do Norte “opera uma abrangente máquina de doutrinaçã­o que funciona a partir da infância, destinada a propagar oficialmen­te o culto à personalid­ade de Kim, induzir à obediência absoluta” ao líder supremo e “incentivar o ódio a Japão e EUA.

Fome. Além disso, os cristãos são proibidos de praticar sua religião e os que desobedece­m “estão sujeitos a severas punições”. De 2 milhões a 3 milhões de pessoas morreram na prolongada fome da Coreia do Norte, nos anos 90. Naquela década, a o governo usou os alimentos como ferramenta para forçar a lealdade política, priorizand­o sua distribuiç­ão pelo critério de maior utilidade ao sistema político, segundo o estudo das Nações Unidas. Atualmente há grande desnutriçã­o no país.

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REUTERS-22/9/2013 Lista de crimes. Militares saúdam Kim Jong-un em Pyongyang; líder norte-coreano enviou milhares de pessoas a campos de presos políticos e mandou executar desafetos

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