O Estado de S. Paulo

Festa da torcida ameniza escândalo entre jogadores do México

- / G.P.

“Ai, ai, ai, ai / Cante y no llores/ Porque cantando se alegran Cielito Lindo / los corazones.” Foi assim, cantando em alto e bom som e sempre com um sorriso no rosto, que os mexicanos assistiram ao primeiro treino aberto de sua seleção, realizado ontem no distrito de Strogino, a 30 km de Moscou. A música, de autoria do Trio Los Panchos e que no Brasil virou marchinha de carnaval (“Tá chegando a hora/o dia já vem raiando meu bem/ eu tenho que ir embora”), fez até os russos mais sisudos caírem na gargalhada. Não só eles – a festança das arquibanca­das contagiou o elenco e a comissão técnica do México, uma semana depois de o time ter sido notícia por conta de uma noitada mal explicada.

Na semana passada, alguns jogadores foram acusados de participar de uma festa regada a álcool e acompanhan­tes de luxo – o que foi desmentido depois. O problema é que o encontro, que contou com todos os convocados, evidenciou que o elenco está, no mínimo, dividido. O caso gerou mal-estar e o grupo passou a ser alvo da imprensa.

Para quebrar o clima ruim, nada melhor do que uma festa com a torcida. Enquanto em campo o técnico Juan Carlos Osório (ex-São Paulo) comandava um coletivo leve, onde parava o trabalho para corrigir o posicionam­ento na marcação e exigia bastante movimentaç­ão do ataque pelos lados do campo, na arquibanca­da um grupo de mexicanos caracteriz­ados chamava a atenção. Com o seu sombreiro com plumas nas cores da bandeira de seu país à frente (e com as cores da Rússia na parte de trás), Antonio Hipolito, um padeiro de 70 anos, era a cara da felicidade. “Senhor, sou um vencedor. Economizei 72 mil pesos mexicanos (cerca de R$ 13 mil) desde a Copa do Brasil, em 2014, apenas parando de fumar. Vim para a Rússia com o dinheiro que deixei de gastar com maços de cigarro”, disse ao Estado.

Simpático e posando para fotos, Antonio trouxe na bagagem quilos de “Chapolín” fritos, famosa iguaria mexicana: grilos fritos. Os russos experiment­aram e gostaram. “Como ele entrou com isso na Rússia?”, questionou outro mexicano, para o riso dos que falavam espanhol.

Também confiante, o vendedor Jonathan Calderon, de 28 anos, veio do México com três amigos. Torcedor do Chivas de Guadalajar­a, ele acredita em uma vitória contra a Alemanha. Mas e se encontrar o Brasil logo nas oitavas de final? “Não teremos problema. Já vencemos a Copa Ouro, fomos medalha de ouro na Olimpíada de 2012 e, na Copa de 2014, empatamos em 0 a 0 em um ótimo jogo. Vamos ganhar, sim”, disse o torcedor.

Entre os russos, duas escolinhas de futebol levaram seus garotos e o jogador mais aplaudido foi Chicharito Hernandéz. O atacante foi simpático, distribuiu autógrafos e posou para fotos com alguns torcedores.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil