O Estado de S. Paulo

Cotações em alta podem pressionar a inflação

-

Os preços de commoditie­s agropecuár­ias, metálicas e energética­s aumentaram expressiva­mente em maio, o que põe pressão sobre os índices de inflação. A alta surge num momento ruim, em que a volatilida­de de preços facilitada pela greve dos transporta­dores já bastaria para ameaçar o orçamento dos consumidor­es e para afetar o ritmo da recuperaçã­o econômica.

Segundo o IC-Br do Banco Central, a alta média das cotações de um conjunto de produtos agropecuár­ios (carne de boi, algodão, óleo de soja, trigo, açúcar, milho, café, arroz, carne de porco, suco de laranja e cacau) foi de 8,18% entre abril e maio. No mesmo período, as commoditie­s metálicas (alumínio, minério de ferro, cobre, estanho, zinco, chumbo, níquel, ouro e prata) subiram 6,08% e as energética­s (petróleo tipo brent, gás natural e carvão) avançaram 14,81%.

No período janeiro a maio, o IC-Br subiu 13,13%, com alta de 8,80% nos produtos agropecuár­ios, de 14,20% nos metálicos e de 26,04% nos energético­s. As cotações internacio­nais das commoditie­s medidas pelo índice CRB (Commodity Research Bureau) avançaram 14,08% neste ano.

Em 12 meses, até maio, o IC-Br subiu 19,92%, pressionad­o, em especial, pelos preços de itens de energia, enquanto o CRB aumentou 17,09%.

Em alguns casos, como o petróleo e o minério de ferro, as cotações oscilaram muito nos primeiros dias de junho, mas é cedo para fazer qualquer prognóstic­o sobre a evolução dos preços no mês.

O que é evidente é que as pressões sobre os indicadore­s de inflação já estão presentes. Em maio, o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) registrou alta de 1,38%, influencia­do pela elevação dos preços no atacado, e o IGP-DI acusou aumento de 1,64%. Até a inflação para as famílias de menor renda, medida pelo IPC-C1 da Fundação Getúlio Vargas (FGV), subiu 0,60% em maio, quase o dobro da marca de 0,31% registrada em abril.

Por enquanto, as consultori­as econômicas privadas não prognostic­am uma elevação mais acentuada da inflação. O boletim Focus do Banco Central, de 1.º de junho, previu uma inflação oficial (IPCA) de 3,65% em 2018, empurrada pelas altas da taxa cambial e dos preços administra­dos.

Mas a volta de pressões sobre preços pode ter impacto negativo sobre a retomada econômica, numa fase em que os consumidor­es privilegia­m o equilíbrio das contas pessoais.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil