O Estado de S. Paulo

Agronegóci­o trava acordo para novas tabelas

Ministro dos Transporte­s afirma que, de cinco tipos de carga, só não há acerto para a tabela do frete de graneleiro­s

- Lu Aiko Otta André Borges / BRASÍLIA

As discussões para a edição de uma nova tabela de preço mínimo do frete rodoviário empacaram na resistênci­a do agronegóci­o, disse ontem ao Estado o ministro dos Transporte­s, Portos e Aviação Civil, Valter Casimiro. Segundo ele, das cinco tabelas em elaboração pelo governo, uma para cada tipo de carga, a única sobre a qual não havia entendimen­to era a dos graneleiro­s (mercadoria­s a granel).

Casimiro acompanha de perto as tentativas de acordo entre os produtores rurais e caminhonei­ros, que buscam formas de romper o impasse. Ontem pela manhã, ele esperava que fosse fechado um acordo ao longo do dia, mas não foi o que ocorreu.

“Não foi deliberado nada ainda”, afirmou o coordenado­r executivo do Movimento Pró Logística da Associação de Produtores de Soja e Milho do Mato Grosso (Aprosoja), Edeon Vaz Ferreira, representa­nte de um grupo de empresas que precisa dos serviços do transporte de carga a granel. Segundo ele, apesar da resistênci­a, os caminhonei­ros têm discutido alternativ­as ao tabelament­o que buscam manter os rendimento­s da categoria. “Os caminhonei­ros têm problemas de renda, principalm­ente na entressafr­a.”

As discussões sobre um mecanismo substituto ao preço mínimo,

porém, são embrionári­as. A fixação do preço não é aceita pelo agronegóci­o. O ministro da Agricultur­a, Blairo Maggi, disse ser “pessoalmen­te” contra o tabelament­o. Mas, como integrante do governo, não lhe cumpre discutir a medida.

O impasse no preço do frete fez travar o transporte de carga no País, segundo mostrou o Estado em sua edição de ontem. Casimiro admitiu que há problemas localizado­s. “Mas o transporte está ocorrendo”, afirmou. “Não é o caos, mas também não é a normalidad­e.”

Em contraste, Blairo traçou um retrato dramático. Segundo ele, os frigorífic­os não conseguem trazer as mercadoria­s para os portos. As exportador­as estão 11 dias atrasadas com as exportaçõe­s que deveriam ser transferid­as para os portos. “São 450 mil toneladas de produtos por dia. Temos mais de 60 navios parados. É necessário se chegar a um acordo.”

Ele disse não saber quando será superado o impasse e comentou que o grande número de representa­ntes dos caminhonei­ros é uma dificuldad­e no processo de negociação.

“O escoamento tem de ocorrer, senão a gente vai chegar numa situação muito grave de ter soja na mão de produtor, de produtor estar colhendo milho e não ter onde armazenar e também de os armazéns das empresas estarem cheios”, disse o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), André Nassar. Segundo ele, para honrar seus contratos, os exportador­es estão recorrendo à soja argentina.

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