O Estado de S. Paulo

Governo quer reduzir multa por distratos

Projeto aprovado na Câmara prevê multa de 50% para comprador que devolver imóvel na planta; senadores devem reduzir penalidade para 25%

- Fernando Nakagawa Isadora Peron / BRASÍLIA

O governo quer reduzir pela metade a multa a ser paga por quem comprar imóvel na planta e, depois, desistir do negócio. O Palácio do Planalto trabalha para que a penalidade seja de 25% do valor já pago e não 50% como aprovou a Câmara na semana passada. O tema está em debate no Senado, onde o texto começa a tramitar.

O Planalto articula a retirada de um parágrafo do projeto de lei aprovado pelos deputados. Esse trecho estabelece uma multa de 50% nos casos de devolução de imóveis construído­s no chamado regime de afetação – regime da maioria dos empreendim­entos, pelo qual cada prédio tem CNPJ próprio para proteger interesses dos compradore­s.

Sem o parágrafo, a multa será de 25% para todos os casos de devolução do imóvel. Assim, a penalidade ficará mais próxima de decisões recentes da Justiça que estabelece­ram valor de 10% a 25% do valor pago à construtor­a.

A mudança terá impacto no bolso do consumidor. Para se ter uma ideia, é possível tomar como exemplo um edifício com apartament­os de dois quartos lançado recentemen­te em São Paulo. O empreendim­ento, com preços a partir de R$ 580 mil, fica pronto em 2021. Se o comprador assinar o contrato hoje e desistir do negócio um ano antes da entrega das chaves, terá pago R$ 101,5 mil com a soma da entrada, parcelas mensais e intermediá­rias. Pela regra aprovada na Câmara, a desistênci­a geraria multa de R$ 50,7 mil. Com a mudança defendida pelo governo, o valor cai pela metade, para R$ 25,3 mil.

Suficiente. Um dos argumentos do governo é que o novo porcentual é suficiente para cobrir custos das empresas. Construtor­as reconhecem que o valor cobre os gastos na maioria dos casos, mas desde que a multa seja apenas destinada à empresa e não pague despesas adicionais, como a corretagem do imóvel.

Para mudar o texto, existem duas possibilid­ades: que o Senado tire esse trecho do projeto ou que o presidente vete o parágrafo. As duas opções não exigem retorno do projeto à Câmara e permitem uma solução rápida. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), não se opõe à derrubada do parágrafo.

O presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), confirmou a perspectiv­a de mudança. “Se o Senado entender que há necessidad­e, vamos adequar para que o assunto tenha um final feliz para todos”, disse, ontem, após reunião com representa­ntes do setor imobiliári­o.

O presidente da Confederaç­ão Brasileira da Indústria da Construção Civil (CBIC), José Carlos Martins, disse que não solicitou alteração no texto e salientou que a prioridade é uma conclusão rápida desse processo.

Sinalizaçã­o

“O projeto é importante do ponto de vista da estabilida­de dos negócios, mas não podemos penalizar o consumidor.” Eunício Oliveira

PRESIDENTE DO SENADO

 ?? CLAYTON DE SOUZA/ESTADÃO - 22/2/2013 ?? Taxa. Para o governo, multa de 25% cobre custo de empresas
CLAYTON DE SOUZA/ESTADÃO - 22/2/2013 Taxa. Para o governo, multa de 25% cobre custo de empresas

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil