O Estado de S. Paulo

Saneamento deve ter R$ 1,5 bi do BNDES

Valor é o dobro do que o banco liberou em 2017 para essa área; necessidad­e de investimen­to no setor, no entanto, é de R$ 20 bi por ano

- Vinicius Neder / RIO

O Banco Nacional de Desenvolvi­mento Econômico e Social (BNDES) espera dobrar o crédito para saneamento básico e coleta de lixo neste ano. O banco de fomento deverá desembolsa­r R$ 1,5 bilhão até o fim de 2018, ante os R$ 725 milhões liberados ano passado, segundo estimativa do diretor de Governos e Infraestru­tura da instituiçã­o, Marcos Ferrari.

A demanda será impulsiona­da pela saída da recessão, pelo término de movimento de consolidaç­ão das empresas privadas que controlam concession­árias de água e esgoto e pelo Programa Avançar, sucessor do Programa de Aceleração do Cresciment­o (PAC), cuja segunda fase foi lançada em novembro.

O Avançar reúne investimen­tos da União, de estatais e financiame­ntos de bancos públicos, num total de R$ 130,97 bilhões até o fim deste ano. Segundo Ferrari, a participaç­ão do BNDES nos investimen­tos em saneamento da primeira fase do Avançar, lançada em junho passado, foi pequena. Para a segunda fase, o BNDES mudou condições, com o objetivo de atrair uma demanda maior. O empréstimo poderá chegar a 95% do investimen­to, ante os 80% da primeira fase.

O Avançar seleciona projetos de investimen­to em infraestru­tura de entes públicos, municipais ou estaduais. A submissão de projetos para a segunda fase vai até a próxima segunda-feira.

Demanda. Ferrari disse que há muita demanda por investimen­tos. “Nos últimos dez anos, a média de investimen­tos foi de R$ 10 bilhões a R$ 11 bilhões por ano. A necessidad­e é de R$ 20 bilhões por ano”, afirmou o diretor, citando dados do Plano Nacional de Saneamento Básico.

O País tinha 20,6 milhões de domicílios sem rede de esgoto e 2 milhões de residência­s sem água encanada em 2016, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra Domicílios (Pnad) Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a (IBGE). Apenas 65,9% dos lares tinham escoamento do esgoto através da rede geral, rede pluvial ou de fossa ligada à rede.

Empresas. Companhias estaduais, como Sabesp (SP), Cedae (RJ), Copasa (MG) e Sanepar (PR), são as principais investidor­as em saneamento no País, pois prestam o serviço de água e esgoto em 70% dos municípios, segundo a Abcon, entidade que representa o setor privado de saneamento. Só 6% das cidades têm concession­árias privadas de saneamento, segundo Alexandre Lopes, vice-presidente da entidade.

O financiame­nto é fundamenta­l para o setor, disse Lopes, porque os investimen­tos são pesados e os contratos de concessão, longos – podem chegar aos 30 anos. Caixa e BNDES são as fontes tradiciona­is de financiame­nto, mas opções como a emissão de títulos (debêntures de infraestru­tura,

com incentivo fiscal) têm ganhado espaço.

A disponibil­idade de recursos aumentou com a consolidaç­ão do setor privado. A canadense Brookfield comprou a Odebrecht Ambiental, por R$ 2,9 bilhões, e adotou o nome de BRK. A CAB Ambiental, que era da Galvão Engenharia, foi vendida para a IG4 Capital e passou a se chamar Iguá.

A lista das principais empresas inclui ainda a Aegea (do grupo Equipav, em sociedade com o fundo soberano de Cingapura GIC e com o IFC, subsidiári­a do Banco Mundial) e a Águas do Brasil. Entre as grandes, a última é a única que ainda tem como sócia uma empreiteir­a citada na Lava Jato – o grupo Carioca Christiani Nielsen.

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NILTON FUKUDA/ESTADÃO–20/9/2011 Financiame­nto. Expectativ­a é de que novos empréstimo­s ao setor atinjam até R$ 4 bilhões

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