Previsão de safra de grãos cai, mas soja deve bater recorde
Levamento do IBGE mostra pouco impacto da seca no Paraná na produção nacional; milho foi o mais afetado
A estiagem no Paraná pouco afetou a estimativa da safra agrícola brasileira deste ano. A expectativa é de que a colheita fique em 228,1 milhões de toneladas, 1,9 milhão de toneladas a menos que o estimado em abril, segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A seca provocou perda de 2,2 milhões de toneladas na colheita do milho safrinha. A produção nacional de milho está prevista em 84,6 milhões de toneladas em maio, 2,3% menor que a estimada em abril. “Faltou chuva no Paraná por mais de 40 dias”, disse Carlos Barradas, gerente na Coordenação de Agropecuária do IBGE.
A safra nacional de grãos este ano será 12,5 milhões de toneladas menor do que a obtida em 2017. A diferença, porém, não é relevante para justificar um aumento nos preços dos alimentos no varejo, afirmou Barradas.
Melhor. Em maio, houve melhora nas previsões para a produção de algodão, café, milho (primeira safra) e soja. A produção de feijão e milho segunda safra foram revisadas para baixo. A colheita nacional de soja deve alcançar o recorde de 115,8 milhões de toneladas este ano – 0,7% maior que no ano anterior.
“Normalmente, as chuvas começam em setembro (época do plantio de soja). No ano passado, começaram um mês depois, mas com maior intensidade, beneficiando as lavouras de soja”, disse Barradas. “Nos próximos dois ou três anos, a expectativa é de que o Brasil consiga ultrapassar a produção americana, o maior produtor global. Nós já somos o maior exportador.”
De acordo com Marcel Caparoz, analista da RC Consultores, a pressão sobre os preços agrícolas não virá do mercado doméstico, mas de fatores externos, como a quebra de safra na Argentina, que elevou as cotações internacionais da commodity, a desvalorização do real ante o dólar e a greve dos caminhoneiros, que prejudicou o escoamento da produção.