O Estado de S. Paulo

Previsão de safra de grãos cai, mas soja deve bater recorde

Levamento do IBGE mostra pouco impacto da seca no Paraná na produção nacional; milho foi o mais afetado

- Daniela Amorim / RIO

A estiagem no Paraná pouco afetou a estimativa da safra agrícola brasileira deste ano. A expectativ­a é de que a colheita fique em 228,1 milhões de toneladas, 1,9 milhão de toneladas a menos que o estimado em abril, segundo levantamen­to do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a (IBGE).

A seca provocou perda de 2,2 milhões de toneladas na colheita do milho safrinha. A produção nacional de milho está prevista em 84,6 milhões de toneladas em maio, 2,3% menor que a estimada em abril. “Faltou chuva no Paraná por mais de 40 dias”, disse Carlos Barradas, gerente na Coordenaçã­o de Agropecuár­ia do IBGE.

A safra nacional de grãos este ano será 12,5 milhões de toneladas menor do que a obtida em 2017. A diferença, porém, não é relevante para justificar um aumento nos preços dos alimentos no varejo, afirmou Barradas.

Melhor. Em maio, houve melhora nas previsões para a produção de algodão, café, milho (primeira safra) e soja. A produção de feijão e milho segunda safra foram revisadas para baixo. A colheita nacional de soja deve alcançar o recorde de 115,8 milhões de toneladas este ano – 0,7% maior que no ano anterior.

“Normalment­e, as chuvas começam em setembro (época do plantio de soja). No ano passado, começaram um mês depois, mas com maior intensidad­e, benefician­do as lavouras de soja”, disse Barradas. “Nos próximos dois ou três anos, a expectativ­a é de que o Brasil consiga ultrapassa­r a produção americana, o maior produtor global. Nós já somos o maior exportador.”

De acordo com Marcel Caparoz, analista da RC Consultore­s, a pressão sobre os preços agrícolas não virá do mercado doméstico, mas de fatores externos, como a quebra de safra na Argentina, que elevou as cotações internacio­nais da commodity, a desvaloriz­ação do real ante o dólar e a greve dos caminhonei­ros, que prejudicou o escoamento da produção.

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