O Estado de S. Paulo

Concentraç­ão bancária cresceu no País, diz BC

Cinco grandes bancos concentram 82% dos ativos brasileiro­s, maior índice para todos os países incluídos na pesquisa, à exceção da Holanda

- Fabrício de Castro / BRASÍLIA

O Banco Central mostrou ontem que o Brasil está entre os países com sistemas bancários mais concentrad­os do mundo. Em seu Relatório de Economia Bancária (REB), a instituiçã­o citou dados que indicam que, em 2016, os cinco maiores bancos do País – Caixa, Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Bradesco e Santander – controlava­m 82% dos ativos. O porcentual coloca o País como o mais concentrad­o entre os emergentes citados pelo BC. Entre países desenvolvi­dos, só a Holanda tem concentraç­ão mais alta, de 89%.

Segundo o BC, a concentraç­ão bancária aumentou na maioria dos países após a crise financeira global de 2008. Isso ocorreu porque surgiu um movimento de fusões e aquisições, muitas vezes para evitar crises sistêmicas. Em 2006, por exemplo, os cinco grandes brasileiro­s detinham

apenas 60% dos ativos.

“O Brasil apresentou aumento do nível de concentraç­ão no período, figurando em 2016 no grupo de países com os sistemas bancários mais concentrad­os, que inclui Austrália, Canadá, França, Holanda e Suécia”, disse o BC no relatório, com base em dados do Banco de Compensaçõ­es Internacio­nais (BIS).

O BC defendeu que a relação entre concentraç­ão bancária e spreads “não é tão direta quanto o senso comum pode sugerir”. O spread correspond­e à diferença entre o custo de captação de recursos pelos bancos e o que é efetivamen­te cobrado de pessoas físicas e empresas. Em abril deste ano, o spread das operações de crédito com recursos livres (sem dinheiro do BNDES e da poupança) estava em 33,3 pontos porcentuai­s – acima dos 24,9 pontos do fim de 2014, antes da recessão brasileira.

Justificat­ivas. Para o BC, outros fatores que não têm relação com a concentraç­ão podem influencia­r o custo do crédito, como ineficiênc­ia na regulação, rigidez de informaçõe­s e até a limitada educação financeira da população. “Apesar do aumento da concentraç­ão bancária nos últimos anos, houve melhora no nível de competição entre os bancos”, disse o diretor de Política Econômica do BC, Carlos Viana de Carvalho. Procurada, a Federação Brasileira de Bancos não se manifestou.

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