CHOQUE de cultura
Avaliado em Portugal, I-Pace virá ao Brasil para quebrar paradigmas: é Jaguar, SUV, elétrico e muito bom de acelerar
Em 1935 era revelado, em Londres, o SS Jaguar 2.5 Sallon, primeiro produto da marca criada por sir William Lyons. No mesmo ano, um suposto complô entre petroleiras e montadoras teria decretado o fim dos carros elétricos nos Estados Unidos. Mais de 80 anos depois, o I-Pace, SUV da Jaguar que virá ao Brasil no segundo semestre deste ano, une, enfim, a história da companhia britânica à propulsão elétrica.
Trata-se de mais uma mudança de paradigmas para a marca que ficou conhecida por seus esportivos e carros de luxo. O elétrico I-Pace estreará no País cerca de dois anos após o F-Pace, primeiro SUV da Jaguar.
Feito em Graz, na Áustria, o modelo tem dois motores a eletricidade que em conjunto geram 400 cv e 71 mkgf. O I-Pace vai de 0 a 100 km em 4,5 segundos, chega a 200 km/h e tem autonomia de 480 km, conforme a fabricante. Os preços não foram revelados, mas devem partir de cerca de R$ 350 mil.
Avaliamos o Jaguar no Autódromo do Algarve e nas estradas sinuosas das colinas da região. Guiamos a versão S, de entrada, e a First Edition, que diferem em acabamento e equipamentos.
Para mostrar que o carro tem viés de SUV, a marca criou um circuito que incluiu o leito de um riacho e trechos na terra com aclives e declives íngremes. Como há um motor para cada eixo, a tração é nas quatro rodas.
Bastou erguer a suspensão (por meio de teclas no console), ativar um sistema eletrônico na tela digital e controlar o volante. O carro fez o resto sozinho.
A direção tem respostas diretas e ótima assistência. Os carros avaliados tinham suspensão a ar (opcional) – de série há triângulos duplos na frente e Multilink atrás – que garante rodar macio ou firme, conforme a demanda.
Nas serras portuguesas o I-Pace mostrou ótimo desempenho e rolagem nula em curvas contornadas em alta velocidade. Na pista o carro também fez bonito. Como o torque é entregue instantaneamente, ao acelerar forte as costas grudaram no banco.
• O I-Pace está mais para um crossover (mistura de vários tipos de veículos). Visto de lado, o carro lembra um cupê. A grade dianteira tem grelha com aletas ativas, que se abrem para refrigerar as baterias e otimizar o funcionamento do ar-condicionado ou fecham para priorizar a aerodinâmica.
Nas laterais, sobressaem os para-lamas, que dão um ar “musculoso” ao carro. Já as maçanetas embutidas são uma marca registrada da Jaguar.
Na traseira, bem curta, as lanternas são uma clara evolução do conjunto utilizado nos E e F Pace. O difusor sobre a tampa do porta-malas direciona o ar para o vigia e, além de criar um aspecto esportivo, elimina a necessidade de limpador para o vidro.
Com 4,68 metros de comprimento, ótimos 2,99 m de entreeixos e 656 litros de capacidade no porta-malas, o I-Pace tem amplo espaço interno. Como as baterias ficam no assoalho, foi possível reduzir o centro de gravidade e, diferentemente do padrão na maioria dos SUVs do mercado, a posição de dirigir é baixa e lembra a de sedãs.
O volante tem ajuste, por alavanca mecânica, de altura e profundidade. Para os bancos há regulagem elétrica com 14 opções no caso da versão de entrada e 18 para a de topo.
Atrás há três cintos de segurança, mas, no caso de adultos, o espaço é ideal apenas para dois. Mesmo passageiros com mais de 1,8 metro de altura não rasparão a cabeça no teto.
O senão é que, como não há nichos sob os bancos dianteiros, quem viaja no banco traseiro fica com as pernas muito flexionadas. Em percursos longos, o desconforto será grande. Um eventual quinto ocupante sofrerá ainda mais, por causa do ressalto do piso sobre o motor traseiro.
No mercado europeu, onde o I-Pace já está à venda, a Jaguar oferece oito anos de garantia para as baterias. A condição é que as revisões sejam feitas a cada 34 mil quilômetros rodados ou dois anos.