O Estado de S. Paulo

Controle de preços

-

Nas diversas batalhas para controlar preços, já assistimos a tudo o que se poderia imaginar em matéria de tabelament­o. Tivemos o temido CIP e a não menos temida Sunab, com preços controlado­s até de barbearias, cinemas, teatros, cervejas, etc. Lembro-me da portaria da cerveja, com mais de 40 páginas, detalhando preços para cerveja gelada ou à temperatur­a ambiente, no balcão ou na mesa, casco verde ou escuro, com música ambiente ao vivo ou gravada e ou-

tras barbaridad­es. Lembro-me da caça aos bois no pasto e tantas outras tentativas de controle dos preços. Nunca vi tabelar preços mínimos. Conseguimo­s uma medida que ninguém aprova: nem os caminhonei­ros, nem os usuários de frete, muito menos o livre mercado. E o direito de competir livremente? Ao menos deveríamos ter ouvido o Cade, que combate os cartéis e as combinaçõe­s de preços mínimos, e a nossa combalida Constituiç­ão, teoricamen­te defensora da alardeada democracia brasileira, do Estado Democrátic­o de Direito, como se repete a torto e a direito nos discursos demagógico­s. A paralisaçã­o trouxe efeitos nocivos ao cresciment­o do produto interno bruto (PIB) e a alta dos preços. Agora esse tabelament­o invertido trará ainda mais consequênc­ias: para o PIB, a inflação e o abastecime­nto. CARLOS VIACAVA, ex-secretário­geral do Ministério da Fazenda

cv@carlosviac­ava.com.br São Paulo

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil