O Estado de S. Paulo

Sem DEM e PP, Skaf fica isolado em São Paulo.

Candidato do MDB ao governo do Estado fica sem opção para coligação após Democratas anunciar apoio ao PSDB e PP fechar com PSB

- Adriana Ferraz Daniel Bramatti Pedro Venceslau

O ex-prefeito João Doria (PSDB) vai anunciar hoje o apoio do DEM à sua pré-candidatur­a ao governo paulista, enquanto o PP prevê formalizar amanhã seu ingresso na coligação do governador Márcio França (PSB), que vai disputar a reeleição. As duas articulaçõ­es deixam o presidente licenciado da Fiesp, o empresário Paulo Skaf (MDB), isolado na disputa paulista e com menos de 15% do tempo fixo e de inserções reservadas para candidatos a governador na TV e no rádio.

Sem opções de aliança com partidos médios e grandes, o MDB paulista admite que deve entrar sozinho na campanha. “Eu não vou vender a alma para o diabo para fazer coligação”, disse Skaf ao Estado. Na última pesquisa Ibope/Band, divulgada no final de maio, Doria estava na liderança com 22% das intenções de voto, contra 15% de Skaf, 4% de Luiz Marinho (PT) e 3% de Márcio França.

Com o apoio do PP, o governador assume de vez o posto de pré-candidato que mais siglas conseguiu reunir nessa disputa. São 16 no total, o que lhe assegura o maior tempo de televisão – cerca de 30% em cada bloco de 9 minutos do horário eleitoral para governador e no conjunto das inserções, o que dá 2 minutos e 46 segundos. Doria tem o segundo maior tempo, com 2 minutos e 25 segundos ou 27%. Skaf sozinho terá 1 minuto e 15 segundos.

Apesar de bem colocado nas pesquisas, o isolamento de Skaf preocupa parlamenta­res do partido em busca da reeleição e desperta desconfian­ça sobre a viabilidad­e de sua candidatur­a. Anteontem, o presidente licenciado da Fiesp foi novamente pressionad­o a reafirmar que não aceita disputar o Senado em reunião com líderes do partido. Estavam presentes o pré-candidato à Presidênci­a, Henrique Meirelles, o

líder da Câmara dos Deputados, Baleia Rossi, e os deputados estaduais Jorge Caruso e Jooji Hato.

Doria, que agora poderá ter como vice o líder do DEM na Câmara, Rodrigo Garcia, diz que reserva uma vaga em sua chapa para Skaf disputar o Senado. França também aceitaria fazer aliança com o empresário, de quem diz ser amigo pessoal.

A aliados, no entanto, Skaf rechaça qualquer alternativ­a que não seja a eleição pelo governo e aposta que, chegando ao segundo turno, vai reunir todos os partidos que estão hoje com o governador e também o PT numa briga direta contra Doria.

“Ir sozinho na atual conjuntura não é ruim. Skaf vai fazer uma campanha de não agressão e, no

segundo turno, pode juntar mais partidos numa disputa eventual com Doria”, disse o vereador Ricardo Nunes (MDB).

Tiroteio. Nos bastidores, aliados de Doria ignoram Skaf e tentam polarizar a disputa com França. “O Doria é o primeiro nas pesquisas. Sendo o favorito, é natural que atraia mais aliados.

Já França usa a máquina para costurar apoios. Já Skaf não é favorito e não tem máquina”, disse o deputado Marco Vinholi, líder do PSDB na Assembleia.

“Há um fortalecim­ento do Márcio França, e não é só por causa da máquina. Quando mais ele fica conhecido, mais ele sobe. Já com Doria é o contrário”, disse o deputado Barros Munhoz (PSB).

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JF DIORIO/ESTADÃO-4/4/2017 Aliança. Líder do DEM na Câmara, o deputado Rodrigo Garcia passou a ser cotado como vice na chapa de João Doria

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