O Estado de S. Paulo

Fifa defende afastament­o de Nunes

- MOSCOU /J.C.

O presidente da Fifa, Gianni Infantino, defendeu que os dirigentes brasileiro­s afastem do comando da CBF o coronel Antônio Nunes. A gota d’água foi a votação para a escolha da sede da Copa de 2026, ontem.

Depois de se compromete­r com toda a América do Sul a votar pela candidatur­a tripla da América do Norte – Estados Unidos, Canadá e México –, o presidente da CBF, Antônio Nunes, votou pela campanha do Marrocos para sediar a edição de 2026 na eleição ocorrida durante o Congresso da Fifa, em Moscou.

O presidente achou que o voto era secreto e seu gesto abalou as esperanças da CBF de tentar mostrar aos demais dirigentes que é uma entidade que quer reconstrui­r sua credibilid­ade, depois de escândalos com seus três últimos presidente­s. Questionad­o sobre o que pesou mais na votação, Nunes indicou que seria “a simpatia de uma pessoa por um país”. “Era bom que fosse o Marrocos. Nunca teve Copa do Mundo lá”, afirmou o brasileiro. Mas lamentou também: “eu era apenas um voto”.

A decisão causou um profundo mal-estar entre os sul-americanos, que foram cobrar explicaçõe­s dos dirigentes brasileiro­s e chegaram a chamar a atitude de “traição”. Dois dias antes da votação, os sul-americanos se reuniram e definiram, uma vez mais, que chancelari­am a candidatur­a norte-americana.

Numa conversa com dirigentes brasileiro­s em Moscou, Infantino se mostrou inconforma­do com a saia-justa causada pelo presidente da CBF. Para o ítalosuíço, uma federação da dimensão da brasileira não pode ter em seu comando um dirigente como Nunes. O teor da conversa foi revelado por um dos dirigentes que participar­am do encontro. O coronel Nunes assumiu a CBF depois da queda de Del Nero e ocupa o cargo apenas até que o presidente eleito, Rogério Caboclo, assuma a posição, em abril de 2019.

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