O Estado de S. Paulo

O FED E AS CRISES

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Oimpacto que traz um movimento de elevação da taxa de juros pelo Federal Reserve (o banco central dos Estados Unidos) já foi suficiente para provocar crises ao redor do mundo no passado – sobretudo em economias mais frágeis, como as dos países emergentes.

Com um baixo desemprego e uma forte pressão pelo aumento de salários, o fim da década de 60 também marcou o início de um período de forte aumento da inflação nos Estados Unidos. A alta dos preços atingiu mais de 10% e o desemprego chegou a 9% na década seguinte, após dois choques nos preços do petróleo.

Na ocasião, o Fed procurou conter essa escalada da inflação por meio da alta dos juros. Essa alta teve início em 1979, quando Paul Volcker assumiu a presidênci­a do Fed. Os juros chegaram à casa dos 20%.

Na década de 80, a chamada crise da dívida externa levou economias como as de Argentina, México, Equador e Brasil a anunciarem que não conseguiri­am pagar suas dívidas, depois da forte elevação dos juros internacio­nais.

Em 1982, representa­ntes do governo mexicano decretaram uma moratória da dívida externa do país. Esse movimento teve, então, um efeito em cascata. A maioria das economias da América Latina foi atingida pela crise, por conta do alto endividame­nto desses países.

O Brasil, durante o governo do general João Figueiredo, foi obrigado a recorrer a um empréstimo, que deu fôlego para um acordo com o Fundo Monetário Internacio­nal (FMI) no ano seguinte. Os acordos e renegociaç­ões posteriore­s, no entanto, não foram capazes de evitar que o País decretasse uma moratória, em 1987.

Países como Uruguai, Bolívia e Costa Rica também foram afetados e tiveram de fazer ajustes.

“Foi um momento muito diferente de agora, e o Fed hoje está em um processo de normalizaç­ão da taxa monetária. Os juros nos Estados Unidos estão no mesmo patamar de 2005, bem distantes dos 20% após o choque da crise do petróleo”, lembra o economista André Perfeito, da Spinelli.

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