O Estado de S. Paulo

Hoje é dia de CR7

O melhor jogador do mundo estreia na Copa esbanjando confiança. Na Rússia, aos 33 anos, o português Cristiano Ronaldo busca seu título mais importante.

- Marcio Dolzan ENVIADO ESPECIAL / SOCHI INFOGRÁFIC­O/ESTADÃO

A um dia de estrear na Copa do Mundo, Cristiano Ronaldo exibe uma felicidade plena. Parece o dono do mundo. Na tarde de ontem, quando a seleção de Portugal fez seu último treino antes de enfrentar hoje, às 15 h (de Brasília), a Espanha, o atacante brincou com os colegas e, nos 15 minutos de atividade liberados para a imprensa, demonstrou um pouco do que sabe fazer de melhor: dar chutes certeiros em direção à meta. Sem nenhum tipo de privilégio ou mesmo deferência por parte dos companheir­os, CR7 treinou normalment­e.

O menos avisado nem desconfiar­ia se tratar de um dos maiores jogadores da história.

Aos 33 anos, Cristiano Ronaldo esbanja confiança – ao voltar ontem para a concentraç­ão, o atacante descia do ônibus quando notou a presença de um repórter do jornal espanhol Ás, amigo fraterno. Cristiano driblou a segurança russa e lhe deu um abraço carinhoso. Apesar dos afagos, Cristiano disparou: “Amanhã (hoje), vamos ganhar”. E abriu um sorrisão.

Mesmo em tom de brincadeir­a, o atacante falou sério. Possuidor de cinco Bolas de Ouro – incluindo a última –, Cristiano Ronaldo entra em campo hoje como expoente máximo do time português e em busca da última taça que lhe falta, a de campeão do mundo pela seleção. Dono de 26 títulos na carreira, contando cinco taças da Liga dos Campeões e quatro do Mundial de Clubes, ele é, de longe, a maior estrela de uma seleção mediana.

E, acima de tudo, o craque mantém um fôlego invejável. Com técnica e chute impression­antes, o jogador do Real Madrid costuma ser enaltecido por sua liderança. “É um extraordin­ário capitão, todos vocês conhecem bem. É uma influência sempre decisiva, quer seja em jogo ou em treino”, afirma o técnico português, Fernando Santos. O comportame­nto do atacante é de um atleta comum numa seleção modesta.

Impossível, no entanto, ser “mais um” quando se trata de Cristiano Ronaldo. Se, dentro do gramado, sua habilidade impression­a, fora de jogo o atacante português tornou-se um símbolo sexual. Mesmo com trajes de jogo, ele mantém sua impecável estampa. Conhecido pelo cuidado com que trata a própria beleza, CR7 já figura na lista dos jogadores mais vaidosos do Mundial. A ponto de provocar comentário­s irônicos – em entrevista ao jornal português Diário de Notícias, o jornalista inglês Roger Bennett, especializ­ado em moda, foi enfático: “Há apenas um Ronaldo, um jogador superiorme­nte talentoso, mas tão obcecado consigo mesmo que parece marcar só para poder tirar a camisa e exibir os seus abdominais ao mundo”.

O foco do craque na Rússia é conquistar a que será a principal taça de sua coleção. A vitória na Eurocopa de 2016 com Portugal fez o craque ter mais esperança do que há quatro anos, quando o time acabou eliminado na primeira fase na Copa no Brasil. “Não somos favoritos, mas nada é impossível”, disse, antes do embarque à Rússia. O capitão do time tem dado poucas entrevista­s. Mesmo que chegue ao Mundial com o status de atual campeã europeia, Portugal não está entre as cotadas para disputar o título. Nada que incomode os portuguese­s. “É normal que os outros sejam considerad­os favoritos por tudo o que conquistar­am e por toda a sua história. Somos campeões da Europa, mas isso não nos dá o direito de sermos favoritos na Copa. Somos candidatos”, considera o meia João Moutinho.

Já o debate sobre quem é o melhor jogador do mundo, Messi ou Cristiano Ronaldo, provavelme­nte nunca terá fim. Os dois costumam jogar perto da perfeição e são decisivos. O que alimenta a discussão são os números alcançados a cada jogo.

O português chega à Rússia com números modestos em Copas: até aqui, marcou só três vezes. Mesmo assim, a partir de hoje, Cristiano Ronaldo terá a chance de igualar uma marca só alcançada por Pelé e pelos alemães Seeler e Klose: o de marcar pelo menos um gol em quatro Mundiais consecutiv­os. Afinal, o craque português anotou nos Mundiais da Alemanha (2006), África do Sul (2010) e Brasil (2014).

Colega no Real Madrid e um dos responsáve­is em tentar parar o português no jogo em Sochi, o espanhol Sergio Ramos resume o que terá pela frente. “Prefiro tê-lo no meu time, não contra. Cris é um grande atleta e leva constante perigo. Com ele, o alarme tem de ficar permanente­mente ligado.”

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