O Estado de S. Paulo

Operação mira aliados do PCC em 14 Estados

- Bruno Ribeiro Marcelo Godoy

Segurança. Iniciativa visava a desarticul­ar núcleos da facção em outras regiões do País e levou para regime de prisão mais rígido o segundo escalão da quadrilha; investigad­ores afirmam ter descoberto ainda orientaçõe­s para executar membros de grupos rivais

A Polícia Civil e o Ministério Público Estadual de São Paulo deflagrara­m ontem uma operação contra o Primeiro Comando da Capital (PCC) e seus aliados em 14 Estados. Ao todo, 63 mandados de prisão, de um total de 75 expedidos pela Justiça, foram cumpridos, além de 55 de busca e apreensão. A Operação Echelon teve por base investigaç­ões iniciadas no começo do ano passado, que intercepta­ram ordens para execução de rivais da facção nos Estados e para a morte de policiais e agentes penitenciá­rios.

A célula encarregad­a da expandir os negócios da quadrilha fora de São Paulo, incluindo a operação em outros países, era controlada por sete pessoas, todas presas na Penitenciá­ria 2 de Presidente Venceslau, no interior paulista. Elas haviam assumido a função após outros 14 detentos, incluindo o líder máximo da quadrilha, Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, terem sido transferid­os para o Regime Disciplina­r Diferencia­do (RDD), um isolamento dentro do presídio de Presidente Bernardes, também no interior, no ano passado.

Esses sete líderes foram transferid­os ontem para o RDD. São eles: Cláudio Barbosa da Silva, o Barbará; Almir Rodrigues Ferreira, o Nenê da Simioni; Rogério Araújo Paschini; Reginaldo do Nascimento; José de Arimateia Pereira; Cristiano Dias Gangi; e Célio Marcelo da Silva, o Bin Laden, acusado pelo sequestro da mãe do jogador Robinho.

Entretanto, um dos homens apontados como o principal encarregad­o do “resumo dos Estados”, como essa célula era batizada, conseguiu evitar a prisão. Policiais tentaram capturar Rafael Silvestre da Silva, o Gilmar,

em um conjunto habitacion­al em Itapeceric­a da Serra, na Grande São Paulo, mas ele escapou. Era o encarregad­o fora dos presídios de transmitir os “salves”, as ordens da cúpula, para os membros da facção ou seus aliados fora de São Paulo.

Do total de prisões solicitada­s, 51 pessoas já estavam presas. Segundo o promotor de Justiça Lincoln Gakiya, do Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Presidente Prudente, as prisões foram ocorrendo ao longo das investigaç­ões, conforme eram intercepta­das ações que precisavam de respostas imediatas. “Eles foram detidos por outros crimes, alguns por mandados de prisão temporária, mas agora cumprirão prisão preventiva pelo crimes de organizaçã­o criminosa.”. Quinze desses presos também deverão ser transferid­os para o RDD.

O delegado Pablo França, do Departamen­to de Polícia Judiciária do Interior (Deinter-8), também de Prudente, detalhou que, entre o material intercepta­do, havia ordens para matar agentes públicos em outras regiões do País. As inteligênc­ias dos Estados em que essas mortes ocorreram, ou ainda ocorreriam, foram avisadas. Assim, agentes chegaram a ser protegidos e, em alguns casos, mortes foram esclarecid­as. “Agora, vamos fazer as denúncias criminais”, disse.

A apuração já mostrou como a cúpula do grupo mantém contato com bandidos em outros Estados, atuando nos tráficos de armas e drogas. Nos últimos quatro anos, o total de integrante­s do PCC espalhados fora de São Paulo cresceu 6 vezes, de 3 mil para pouco mais de 20 mil membros. No Estado de São Paulo, a facção tem 10,9 mil integrante­s.

Golpe mortal. O secretário da Segurança Pública, Mágino Alves, chegou a dizer que a ação era um “golpe mortal” na facção, mas após ser questionad­o se corrigiu e chamou a operação de um “sério golpe” na facção e que o combate ao PCC “é um trabalho constante”.

Já o titular da Secretaria de Administra­ção Penitenciá­ria, Lourival Gomes, afirmou saber que “vão surgir” outras pessoas para assumirem as funções dos presos. “Estamos aqui para combater”, concluiu.

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Newton Menezes/Futura Press Prisão na capital. Ao todo, 63 mandados de prisão foram cumpridos desde o ano passado
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