O Estado de S. Paulo

Espanha se diz tranquila

“A Espanha deve estar acima de qualquer nome próprio”, disse Sergio Ramos, após demissão do técnico.

- Marcio Dolzan ENVIADO ESPECIAL / SOCHI

O clima simulava tranquilid­ade – no último treino antes da estreia na Copa do Mundo, ontem à tarde, os jogadores da Espanha tentaram transparec­er um ambiente pacificado. No gramado do Fisht Stadium, em Sochi, todos procuraram dar sorrisos e não pouparam cenas de abraços durante os 15 minutos de treino aos quais os jornalista­s tiveram acesso. Antes disso, o capitão Sergio Ramos procurou dar o tom que a “Fúria” espera após as turbulênci­as dos últimos dias. “Não foi um episódio agradável, mas a Espanha deve estar acima de qualquer nome próprio. O técnico Hierro é idôneo e nada deve nos desestabil­izar no torneio. Nada vai mudar a nossa ilusão. Isso é página virada”, disse o atleta.

A página anterior, na verdade, narrava outro clima: o de crise. Na manhã da quarta-feira, a Federação Espanhola de Futebol comunicou a demissão do técnico Julen Lopetegui que, no dia anterior, anunciou que acertara contrato com o Real Madrid, clube que assumiria depois da Copa. Para seu lugar, assumiu o então diretor de seleção Fernando Hierro. Isso a dois dias da estreia no Mundial, contra Portugal, jogo marcado para as 15h (Brasília) de hoje.

A fim de abafar a crise, a equipe buscou mostrar serenidade. “Somos a seleção, representa­mos um escudo, umas cores, um grupo de torcedores, um país. A responsabi­lidade e o compromiss­o estão conosco e por vocês. Ontem, hoje e amanhã, juntos: #VamosEspan­ha”, escreveu o zagueiro Sergio Ramos em seu perfil do Twitter.

Para o técnico de Portugal, Fernando Santos, independen­temente de quem estiver à beira do gramado, a seleção espanhola será um adversário difícil a ser batido. “A Espanha tem jogadores de qualidade e uma forma de jogo há anos consolidad­a. Eles jogam da mesma forma há pelo menos dez anos”, considera. Resta saber se a mesma forma terá os resultados de antes ou de depois de Lopetegui, que assumiu ontem o comando do poderoso Real Madrid. “Quarta-feira foi o dia mais triste da minha vida e hoje (ontem), o mais feliz”, disse o treinador.

Segundo a imprensa espanhola, veteranos da seleção (como Ramos, Iniesta, Piqué e Busquets) tentaram convencer o presidente da federação, Luis Rubiales, a não demitir o treinador, mas o dirigente foi irredutíve­l. Especula-se que, agora, esse grupo mais experiente é quem vai comandar de fato a seleção na Rússia. Sobre os seus planos contra Portugal, Hierro não foi profético. “É impossível mudar algo em dois dias, mas tenho plena confiança no trabalho que fizemos nos últimos dois anos”. E arrematou: “Espanha será a mesma de sempre”.

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WILTON JUNIOR/ESTADÃO No comando. Sergio Ramos continua acreditand­o no time

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