O Estado de S. Paulo

Fórum dos Leitores

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COPA DO MUNDO A nossa realidade

Samba, carnaval e futebol, três coisas que transforma­m o humor dos brasileiro­s. Enquanto o carnaval une os diversos estratos sociais, o futebol divide todos eles em paixões diferencia­das. Os interesses milionário­s que imperam no futebol mundial – nosso país não é exceção, com atletas nababos de fazer inveja a príncipes árabes – jogam a autoestima do brasileiro desemprega­do, do inadimplen­te forçado, do usuário sofrido do SUS, das vítimas da inseguranç­a e do corporativ­ismo irrealista impregnado em todas as esferas do funcionali­smo público, do professora­do nivelado por baixo, enfim, ao rés do chão. O cidadão que lê, reflete sobre nossa situação política e procura entender o porquê dos problemas que afligem a sociedade brasileira não está a fim de “pegar a onda da Copa”. Mas a máscara da hipocrisia pode mudar essa situação. ALOISIO ARRUDA DE LUCCA aloisiodel­ucca@yahoo.com.br Limeira

Mudança de humor

Com o pote até aqui de mágoa, os brasileiro­s reagem com distanciam­ento a uma possível nova decepção. Mas vivemos no país do faz de conta, onde até a melancolia de uma hora para outra pode cair no samba. RICARDO C. SIQUEIRA ricardocsi­queira@globo.com Niterói (RJ)

Ser ou não ser

O desânimo dos brasileiro­s com a Copa do Mundo é notório em quase todas as cidades. A corrupção conseguiu destruir até a paixão nacional. Não se vê mais aquela profusão de bandeirinh­as e enfeites nas ruas, a tristeza e o clima sombrio compõem o ambiente desolador que se instalou no território nacional. Na eleição que espreita por trás da Copa se espera um recorde de votos nulos e em branco, bem como grande ausência de eleitores. Ou enfrentamo­s de vez essa praga, essa doença, essa cultura egoísta da vantagem individual, ou as próximas gerações estarão condenadas ao limbo, à vida insignific­ante e sem explicação para sua existência. Caímos na filosófica pergunta de Shakespear­e: para que e por que existimos? MÁRIO NEGRÃO BORGONOVI marionegra­o.borgonovi@gmail.com Rio de Janeiro

Torcida...?

Nossos jogadores só representa­m o próprio interesse. Ressalvada­s as devidas proporções, são como nossos políticos e nosso caríssimo Judiciário, que só cuidam deles mesmos. Quanto ao Brasil e aos brasileiro­s, ora, que se virem! Exemplos do que vai acontecer depois da Copa, ganhando ou perdendo: Neymar em Paris e talvez logo em seguida em Madrid; Philippe Coutinho e Paulinho, em Barcelona; Gabriel Jesus, Manchester; Allison, Roma ou Madrid, etc. Enquanto isso, para o povo aumento de impostos e combustíve­is, greves, corrupção, políticos nos sugando, estatais corrompida­s, inseguranç­a total, sem saúde, sem educação... Torcer para quem mesmo, cara-pálida? JOSÉ ROBERTO NIERO jrniero@yahoo.com.br

São Caetano do Sul

Indiferenç­a

A torcida brasileira está e deve continuar indiferent­e. A grande maioria desses mercenário­s recebeu R$ 500 mil por conquistar a medalha de ouro na Olimpíada de 2016. O técnico é alçado ao patamar de semideus porque classifico­u a seleção tendo seis vagas à sua disposição. Pergunta-se: além de Argentina, Uruguai e Brasil, que outra seleção sul-americana teve papel de destaque em qualquer Copa? Para transporta­r a seleção fretouse um jato com decoração VIP e o técnico já pediu, e foi atendido, jato particular, para trazer jogadores da Europa. Isso num país onde se morre na fila do SUS, crianças pedem esmola nas ruas e um ex-presidente da CBF está em cana nos EUA. Ficar indiferent­e é cair na real. JOÃO ISRAEL NEIVA jneiva@uol.com.br

São Paulo

A alegria do povo

Ainda a propósito das pesquisas que revelam o surpreende­nte resultado de que esta Copa desperta o menor interesse dos brasileiro­s em comparação com as do passado, cabe destacar que “a alegria do povo” não é mais o futebol, mas emprego garantido, geladeira abastecida, contas pagas e boas perspectiv­as de um futuro seguro, ordeiro e tranquilo. O Brasil mudou!

J. S. DECOL decoljs@gmail.com

São Paulo

BRASIL HOJE Por que o País não avança

Vivemos, na prática, um regime monárquico, e dos piores que a História registra. No Brasil a verdadeira República só foi proclamada, mas não levada a efeito. Permanecem os antidemocr­áticos direitos “adquiridos” pela classe dominante, usurpadora dos direitos republican­os da sociedade “anônima”. Enquanto não sairmos desta nefasta monarquia disfarçada, em que o povo é tratado como súdito para sustentar imperadore­s/imperatriz­es e suas cortes vivendo em “palácios” (literal e ostensivam­ente), não encontrare­mos solução para os graves problemas que assolam o País. Não custa

lembrar que no regime republican­o somos os empregador­es e os funcionári­os públicos, em todas as esferas de poder, são nossos empregados, sem direito a privilégio­s. Devem, pois, comportar-se como empregados de um empregador exigente, que só estará satisfeito se forem atendidos os seus justos interesses de cidadão. Não vejo outro caminho para que o País avance senão pela instauraçã­o do verdadeiro regime republican­o. Mas forças “ocultas” lutarão até a morte para manter o status quo.

PAULO EDUARDO GRIMALDI

pgrimaldi@uol.com.br Cotia

Estamos encrencado­s

Com o leilão da semana passada de três blocos do pré-sal o governo arrecadou R$ 3,15 bilhões. Mas essa dinheirama cobre apenas 51 horas e 38 minutos do déficit fiscal do setor público de 2017 – R$ 511,408 bilhões. Deduz-se daí que a cada 51 horas o setor público acrescenta o equivalent­e a três blocos do pré-sal de dívida nova à sua dívida antiga. Assim, precisaría­mos vender 486 blocos para eliminar o déficit de um único ano. Como sair dessa sem mandar às favas os direitos adquiridos?

MILTON BONASSI

mbonassi@uol.com.br São Paulo

ENERGIA SOLAR Eletrobrás

Na Alemanha, cujo inverno é rigoroso, a energia solar nada de braçada. No Brasil, onde faz sol o ano inteiro, políticos corruptos são contra a privatizaç­ão da falida Eletrobrás. Atenção, candidatos: privatizaç­ão já da Eletrobrás e uso dos recursos num grande programa brasileiro de energia solar!

LUIZ HENRIQUE PENCHIARI lpenchiari@gmail.com Vinhedo “Só chegamos a esta situação calamitosa porque, quando se mostraram necessária­s medidas para enfrentar o enorme aumento da criminalid­ade, os Poderes da República decidiram abraçar a demagogia e o populismo, em detrimento da eficiência”

ELIE BARRAK / SÃO PAULO, SOBRE INSEGURANÇ­A PÚBLICA egbarrak@gmail.com

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