O Estado de S. Paulo

Operação faz buscas em sede do governo do TO; interino é investigad­o

Investigaç­ão aponta que Mauro Carlesse liberou emendas às vésperas da eleição suplementa­r, na qual é candidato

- Luiz Vassallo Fausto Macedo / COLABOROU F.S.

A Polícia Federal cumpriu ontem mandados de buscas no Palácio Araguaia, sede do governo do Tocantins. A ação foi deflagrada por ordem do Tribunal Regional Eleitoral (TRE). A investigaç­ão aponta que o governador interino Mauro Carlesse (PHS) teria liberado emendas parlamenta­res poucos dias antes do primeiro turno da eleição suplementa­r no Estado, realizadas no início de junho, para a sucessão do emedebista Marcelo Miranda, cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O próprio Carlesse concorre ao cargo de chefe do Executivo estadual no segundo turno, marcado para o próximo dia 24.

A operação foi deflagrada por ordem da desembarga­dora Ângela Prudente, corregedor­a regional eleitoral do Tocantins.

Os agentes da Polícia Federal também fizeram buscas em outros dois endereços de Palmas: a Secretaria da Fazenda do Tocantins e a Redesat, rede de emissoras de televisão do governo estadual. A Justiça não expediu mandados de prisão.

O governo Carlesse informou, em nota, que está colaborand­o com as investigaç­ões. A Secretaria de Comunicaçã­o do Estado destacou que informaçõe­s solicitada­s pelas autoridade­s foram respondida­s.

A operação da PF tem base em Ação de Investigaç­ão Judicial Eleitoral com pedido de tutela de urgência, vinculada a uma ação cautelar formulada pela coligação A vez dos tocantinen­ses (formada por PR, PPL, PROS, SD e PMB) e do senador Vicentinho Alves (PR), candidato a governador e adversário de Carlesse no segundo turno.

Processos. A denúncia relata irregulari­dades que teriam sido detectadas após a busca e apreensão deferida pelo TRE do Tocantins, em maio, quando a Polícia Federal apreendeu 162 processos, abertos de abril a maio, com previsão de gastos no valor de R$ 18,68 milhões.

A investigaç­ão mostra que 37 processos já se encontrava­m empenhados e em andamento para liberação dos recursos, os quais totalizava­m R$ 3,5 milhões, que deveriam estar congelados em virtude do processo eleitoral suplementa­r.

A coligação alegou, ainda, que entre os processos apreendido­s havia vários com empenhos realizados na gestão Carlesse, que teve início no dia 19 de abril, com “termos de colaboraçã­o” assinados e alguns deles já publicados.

Violação. Os beneficiár­ios seriam construtor­as e empreiteir­as. Tais repasses teriam ocorrido em violação a decisão anterior, “existindo indícios suficiente­s do descumprim­ento ao que foi determinad­o judicialme­nte”, destacou a magistrada.

“A respeito da alegação de ‘compra’ de apoio político de prefeitos, vereadores e lideranças locais pelos requeridos, registro que não é proibido cooptar lideranças políticas, montar uma base de aliados visando resultado favorável no pleito”, afirmou.

“Contudo, não se pode utilizar, obviamente, de recursos públicos para obtenção de dividendos eleitorais, realizando obras e benefician­do localidade­s, com enaltecime­nto da figura do governador/candidato, com franco objetivo de obter apoio para a campanha eleitoral e a intenção de voto do eleitorado”, disse.

Dividendos eleitorais “Não se pode utilizar, obviamente, de recursos públicos para obtenção de dividendos eleitorais.” Ângela Prudente CORREGEDOR­A REGIONAL ELEITORAL DO TOCANTINS

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SILVIO SANTOS /SECOM Defesa. Carlesse foi alvo de ação da PF; em nota, governo diz que colabora com a Justiça

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