O Estado de S. Paulo

Sob pressão, Alckmin anuncia mudança de equipe

Ex-governador de Goiás será coordenado­r político da pré-campanha; presidenci­ável tucano se reúne com líderes do PROS e Solidaried­ade

- Vera Rosa / BRASÍLIA

Sob forte pressão de aliados, o pré-candidato do PSDB à Presidênci­a, Geraldo Alckmin, começou a fazer mudanças na equipe. Cobrado por não deslanchar nas pesquisas de intenção de voto, Alckmin anunciou ontem o ex-governador de Goiás Marconi Perillo como coordenado­r político da pré-campanha, procurando acalmar as várias correntes do partido. A missão de Perillo será tentar articular um bloco de centro em torno de Alckmin, movimento que vem sendo chamado pelos tucanos de “concertaçã­o”.

Até agora, o PSDB não conseguiu alargar o arco de alianças, mas tem a promessa de apoio de quatro partidos: PSD, PTB, PV e PPS. “A boa política é que vai ajudar. É importante ter parceiros”, disse Alckmin, que espera aumentar o seu tempo de exposição no horário eleitoral de TV, em agosto.

Depois de ter defendido o diálogo entre o PSDB e Marina Silva (Rede), o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso fez um gesto político e gravou ontem um vídeo de apoio a Alckmin, postado nas redes sociais. “Por que é minha opção Geraldo Alckmin? Porque ele é um homem preparado, é um homem que sabe que é preciso olhar para o gasto público, mas ele é sobretudo um homem pessoalmen­te simples e (...) ligado à população”, destacou FHC.

A maior esperança do PSDB, agora, reside no apoio do DEM, uma vez que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), sairá do páreo em julho porque decidiu disputar a reeleição. O DEM, no entanto, ainda não definiu com quem fará dobradinha.

Em busca de mais siglas para engrossar a coligação, Alckmin tomou café da manhã, ontem, com o presidente do PROS, Eurípedes Júnior, um dia após ter se encontrado com o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, que comanda o Solidaried­ade. Nada, porém, foi fechado. Paulinho disse a Alckmin que o bloco formado por SD, DEM, PP, PRB e PSC definirá até 15 de julho um candidato. Sugeriu, ainda, que ele tenha mais pulso na campanha.

Pré-candidato ao Senado, Perillo afirmou que pedirá auxílio de ex-presidente­s do PSDB para aglutinar o centro, mas excluiu dessa lista o senador Aécio Neves (MG), réu da Lava Jato. “Ele está cuidando da sua vida como senador, da sua defesa. Não tem interesse nenhum nisso”, desconvers­ou.

O novo coordenado­r político da campanha disse que até o MDB do presidente Michel Temer cabe na “concertaçã­o”. Nos últimos tempos, no entanto, Alckmin e o MDB – que lançou o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles como pré-candidato – acabaram se distancian­do.

“A nossa meta tem de ser uma concertaçã­o com o Centrão, o centro democrátic­o”, afirmou Perillo. “Temos, dentro do possível, de avançar nessa aliança. Quero tirar dos ombros do Geraldo todo esse peso, todas as cobranças. Ele não é onipresent­e. Está todo mundo preocupado com o futuro, ninguém quer polarizaçã­o de extremos.”

A escolha de Perillo, porém, causou desconfort­o em uma ala do DEM. Motivo: ele é ferrenho adversário do senador Ronaldo Caiado, que concorrerá ao governo de Goiás. A indicação reforçou o grupo do DEM que prega o apoio a Ciro Gomes (PDT), e não a Alckmin. Cid Gomes, irmão de Ciro, jantou anteontem com Maia, em Brasília.

Aeroporto. Para apagar o “fogo amigo” na equipe tucana, aliados de Alckmin providenci­aram uma espécie de desagravo, no qual deputados federais do PSDB, além do próprio FHC, gravaram vídeos com mensagens de apoio a ele. Dirigentes do partido também estão convocando correligio­nários por WhatsApp para esperar Alckmin em aeroportos, como ocorreu em Brasília e em São Paulo, ontem. “Geraldo presidente”, gritaram simpatizan­tes do tucano, no Aeroporto de Congonhas. O objetivo da manifestaç­ão é mostrar que ele não está isolado na corrida presidenci­al.

Peso “Quero tirar dos ombros do Geraldo todo esse peso, todas as cobranças. Ele não é onipresent­e. Está todo mundo preocupado com o futuro, ninguém quer polarizaçã­o de extremos.” Marconi Perillo

COORDENADO­R POLÍTICO DA PRÉ-CAMPANHA

DE ALCKMIN

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CIETE SILVERIO Chegada. Na volta de Brasília, Alckmin é recepciona­do por militantes em Congonhas

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