O Estado de S. Paulo

Risco à Renca faz MPF pedir revisão do Código de Mineração

- Giovana Girardi

Nove meses após o imbróglio em torno da tentativa de extinção da Reserva Nacional de Cobre e Associados (Renca), na Amazônia, que mobilizou artistas como Gisele Bundchen e fez o presidente Michel Temer recuar, o novo Código de Mineração trouxe o tema de volta à tona. O Ministério Público Federal (MPF) do Amapá pediu anulação de parte do decreto por entender que ele abre a possibilid­ade de exploração da área.

Publicado no Diário Oficial da União de anteontem, o decreto 9.406, em seu artigo 72, estabelece: “Em zona declarada reserva nacional de determinad­a substância mineral ou em áreas específica­s objeto de pesquisa ou lavra sob o regime de monopólio, o Poder Executivo federal poderá, mediante condições especiais condizente­s com os interesses da União e da economia nacional, outorgar autorizaçã­o de pesquisa ou concessão de lavra de outra substância mineral, quando os trabalhos relativos à autorizaçã­o ou à concessão forem compatívei­s e independen­tes dos relativos à substância da reserva nacional ou do monopólio”.

Em outras palavras, com exceção do cobre, que dá o nome à Renca, seria possível fazer a concessão de lavra de outros minérios ali presentes, como ouro e nióbio, os minérios mais cobiçados. Essa é a interpreta­ção feita pelo MPF do Amapá e também pelas equipes do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e do deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ). Este último entrou ontem com um projeto de decreto legislativ­o que susta os efeitos do artigo 72.

Ao Estado, o Ministério de Minas e Energia disse que o texto sobre o tema no novo decreto é o mesmo do artigo 120 do Decreto 62.934, de 1968. “Não houve qualquer alteração ou inovação no tratamento relativo à questão das Reservas Nacionais de Substância­s Minerais quando da assinatura do decreto que regulament­ou o Código de Mineração esta semana.”

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