À moda russa
Festa de abertura teve estrelas internacionais, ícones locais, discurso de Putin e goleada
Agora vai! A abertura da Copa do Mundo de 2018 não poderia ter sido melhor para todos os envolvidos no maior evento esportivo do planeta. O dia na capital da Rússia teve de tudo – quase 80 mil pessoas se divertiram no estádio Luzhniki e na Fan Fest montada na cidade com os shows, que começaram meia hora antes de a bola rolar. Com direito ao ex-jogador brasileiro Ronaldo Fenômeno brincando com o mascote Zabivaka, apresentação da soprano Aida Garifullina, polêmica envolvendo o cantor britânico Robbie Williams, a taça da Copa do Mundo apresentada ao público pelo goleiro espanhol Casillas e pela modelo russa Natalia Vodianova e, por fim, com uma goleada da seleção da casa por 5 a 0 sobre a Arábia Saudita, o russo foi para casa de um jeito um tanto quanto incomum: com um grande sorriso no rosto.
Oito horas antes de a partida começar, a gigantesca área que cerca o Luzhniki já tinha torcedores fazendo a festa. E a Fifa e a Rússia não economizaram para tentar agradar ao torcedor. Dezenas de lojas foram espalhadas no caminho entre as duas estações do metrô mais próximas ao estádio (Luzhniki e Sportivnaya), bares temáticos, tendas que ofereciam mimos a quem chegava ao estádio, bem debaixo da grande estátua de Vladimir Lenin, que foi comandante da ex-União Soviética.
Os torcedores caminhavam ao som de DJ’s e várias músicas brasileiras colocaram todo mundo para dançar. Duas horas antes do início da festa, Ai Se Eu
Te Pego, de Michel Teló, juntou pelo menos 50 pessoas com camisas e bandeiras do Brasil – o pré-jogo ganhou ar de balada. Polêmica. Já dentro do estádio, a festa prezou pela pontualidade e começou exatamente às 17h30, horário local (11h30 em Brasília). A maior polêmica do show foi mesmo o gesto obsceno feito pelo cantor britânico Robbie Williams durante sua apresentação do sucesso Rock DJ – ao lado de Aida Garifullina, ele ainda cantou Angels. O fato é que pouca gente percebeu no estádio o movimento, que ganhou repercussão instantânea na internet.
Muita gente ficou confusa e, até o fim da noite em Moscou,
ainda não se sabiam os motivos que levaram o britânico a fazer o gesto, já que ele deixou o estádio sem dar entrevistas. Entre as especulações, a que teve maior força entre os jornalistas foi a de que o cantor teria mandado um recado ao presidente russo Vladimir Putin. Será?
Na sequência da festa de abertura, o goleiro espanhol Ilker Casillas, campeão do mundo em 2010 na Copa da África do Sul, e a top model russa Natalia Vodianova mostraram ao mundo a taça da Copa. Pouco tempo depois, foi a vez de Ronaldo Fenômeno subir ao gramado do estádio Luzhniki. O ex-jogador, campeão em 1994 e em 2002, ano em que também terminou como o artilheiro do Mundial disputado na Coreia do Sul e no Japão, bate bola com Zabivaka, o lobo siberiano, mascote do torneio.
Ronaldo foi ovacionado pelo estádio inteiro, assim como o ex-lateral-esquerdo da seleção brasileira Roberto Carlos, que assistiu ao jogo da área VIP – a quantidade de seguranças russos que pediam fotos com ele impressionava. Depois de participar da festa de abertura, o Fenômeno também se dirigiu ao local reservado pela Fifa para as “lendas” do futebol e viu o jogo ao lado do ex-craque argentino Diego Armando Maradona.
Depois do discurso de Putin, a torcida da Rússia com mais jeitão de organizada ainda fez um bonito mosaico com as cores da bandeira do país e um recado nacionalista aos jogadores. Pouco tempo depois, o árbitro argentino Néstor Pitana deu início à Copa do Mundo 2018 e outra festa começou, desta vez nas arquibancadas. Embalados por torcedores mexicanos, colombianos e brasileiros até, os russos entraram na onda da “ola” logo depois do primeiro gol da competição, marcado por Iury Gazinsky, aos 12 da primeira etapa.
Uma das novidades que a Fifa implementou neste Mundial, o Árbitro Assistente de Vídeo (VAR, na sigla em inglês) nem precisou ser utilizado. A facilidade da Rússia na partida ajudou a esticar a festa. Depois, a torcida partiu para os principais pontos turísticos de Moscou para celebrar. Como a Fan Fest na Universidade Estadual estava lotada, uma multidão se reuniu na Praça Vermelha, em frente ao Kremlin – de tão felizes, nem pareciam russos. E a quinta-feira ganhou ar de feriado na capital.